Que dados há sobre este agravamento do tráfico de droga a Sul?
São dados que mostram uma subida considerável da quantidade de droga traficada. Por exemplo, em relação ao tráfico de cocaína, de 2021 para 2022 as apreensões em Portugal aumentaram 160%.
O número é adiantado à Renascença pelo coordenador da Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária (PJ), Artur Vaz.
Em 2021, a quantidade de cocaína apreendida rondou as 10 toneladas. Em 2022, foram mais de 16 toneladas, a grande maioria transportada por via marítima.
O que é mais impressionante é que, desde o início deste ano, já foi apreendida tanta droga como em todo o ano passado e ainda nem chegámos ao fim de fevereiro.
É a cocaína a droga que circula em maior quantidade em Portugal?
Não, pelo menos ao nível das apreensões, os dados mostram que é a canábis o estupefaciente que predomina, sob várias formas, desde a chamada erva, liamba, até ao haxixe.
Depois, sim, surgem a cocaína, a heroína e por fim as drogas sintéticas, incluindo o ecstasy.
É Portugal a principal porta de entrada de droga na União Europeia?
Serve seguramente como uma das portas de entrada, embora o coordenador da Polícia Judiciária garanta que há outras; a heroína, por exemplo, vem do Afeganistão e entra maioritariamente pela Europa do Leste.
Portugal está numa localização geográfica que o torna especialmente exposto a outras drogas. No caso da cocaína, que vem sobretudo da América Latina, é fácil perceber que o território português é a rota mais curta para chegar à Europa.
Já no caso do haxixe, que tem como grande produtor o Norte de África, também estamos à mão de semear, daí as sucessivas apreensões que tem havido no Algarve para as quais alerta o Chefe do Estado-Maior da Armada em entrevista à Renascença.