O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) atira para o Governo e para os parceiros do PS à esquerda a responsabilidade pela aprovação do Orçamento do Estado (OE) de 2022.
"É um problema do Governo e dos seus parceiros políticos", disse António Saraiva à entrada para a reunião da Concertação Social, desta quarta-feira.
"Nós não somos políticos, defendemos as empresas e a competitividade. Entendemos que não só ela não está defendida na proposta do Governo como veio agravar com esta discussão totalmente decontextualizada [sobre a legislação laboral] porque, na nossa opinião, ao orçamento o que é do orçamento à legislação e à concertação o que é da concertação", continuou.
Questionado sobre a possibilidade de o Governo ter abertura para alterações no plano das leis laborais, António Saraiva respondeu: "Não acredito em bruxas."
Para o presidente da CIP, a proposta do Governo de OE2022 "é negativa, obviamente".
Também reticente mostrava-se à entrada para a reunião a CGTP. A secretária-geral da central, Isabel Camarinha, diz que o OE tal como está e as anunciadas mexidas na legislação laboral não são suficientes.
"Há uma insuficiência muito grande das medidas, que não respondem aos problemas principais dos trabalhadores e do país, nomeadamente com alterações que garantam a protecçao dos trabalhadores e a dinamização da contratação colectiva, com a revogação da norma da caducidade, e a inclusão de um aumento geral dos salários e da erradicação efectiva da precariedade", declarou a dirigente.
Além de "manifestamente insufuficiente", a proposta atual "não vai à raiz dos problemas, não vai resolvê-los, não vai dar as respostas de que os trabalhadores e o país precisam".
A reunião da Concertação Social decorre com a presença do primeiro-ministro, que, na noite de terça-feira, numa iniciativa do PS, salientava a necessidade de ter um orçamento que merece ser aprovado, mas com contas certas