Várias zonas da baixa da cidade ficaram alagadas e ainda não há previsão para quando pode reabrir ao trânsito a Rua da Prata, no troço entre o cruzamento com a Rua da Conceição e a Praça da Figueira.
A chuva, de segunda-feira à noite, levantou várias tampas de esgoto, que cederam à força das águas que não escoaram para o Tejo com a fluidez habitual, devido a uma maré mais alta do que o normal. As águas provocaram a rutura de uma conduta de águas pluviais: um buraco entre o passeio e o pavimento que parece pequeno, mas por baixo do alcatrão chega a mais de metade da via.
Pelo meio da Rua da Prata circulam bicicletas e trotinetes, assim como turistas, de malas com rodinhas pela mão, que barafustam pelo facto de o taxista ou o Uber não os conseguirem deixar mesmo à porta do Hotel, ou por só os poder apanhar na Praça da Figueira. Não fosse a Rua da Prata a única via de acesso direto, de sul para norte, entre o Terreiro do Paço e a Praça da Figueira.
Bem cedo pela manhã, só a polícia estava no local a garantir a interdição da via. Além de turistas, que começavam a amontoar-se na paragem da Praça da Figueira do 15E - o elétrico para Belém. Hora e meia depois, ainda lá estavam, porque ninguém os avisou que, pela Rua da Prata, circulam oito carreiras de autocarros e duas de elétricos, mas com a rua fechada não há elétricos para Belém.
Lá foram avisados pela reportagem da Renascença - num inglês fluente e num francês e espanhol menos entendível - que o melhor era descerem qualquer uma das ruas da Baixa para o Terreiro do Paço, e daí apanharem o 15 para Belém. Os turistas alemães ficaram meio baralhados, mas lá perceberam o que tinham de fazer.
Pouco depois, começaram a chegar os lojistas, que se depararam com os estabelecimentos inundados pela água tinha entrado por baixo da porta da frente, mas, sobretudo, pela água que subiu pelas sanitas e inundou tudo.
Margaret Alves é uma das três funcionárias de uma pequena ourivesaria localizada num vão de escada. É a única que não está descalça, a apanhar água como outros lojistas, tal o tamanho diminuto da loja.
"Quando chegámos aqui esta manhã tivemos a surpresa de ter tudo alagado. Não esperava por isso. Temos o quadro geral de eletricidade desligado por uma questão de segurança e não podemos trabalhar", explicou.
Na loja ao lado, bem maior do que a anterior, só Fernanda Dinis estava de esfregona na mão, a apanhar a custo a água que também subiu a sanita e que entrou pela rua. Tudo alagado, algumas horas de trabalho pela frente e o lamento.
"Estou aqui há onze anos e, que me lembre de entrar muita água dentro das lojas, é a terceira vez. Depois há aquelas situações esporádicas em que a água entra, mas pouco".
Por esta hora, os funcionários da autarquia de Lisboa reparam a conduta para depois repor o pavimento e reabrir o trânsito automóvel na Rua da Prata.