O conflito israelo-palestiniano na Faixa de Gaza entrou na segunda semana. Às primeiras horas desta segunda-feira, a aviação israelita realizou dezenas de ataques a zonas da Faixa de Gaza, alguns visando os túneis do Hamas, numa ofensiva que durou cerca de 20 minutos.
Já do lado palestiniano, de acordo com a agência Reuters, foram disparados rockets contra cidades do Sul de Israel, numa aparente resposta ao assassinato de um alto comandante da Jihad Islâmica, de acordo com relatos dos meios de comunicação social hebraicos.
Hossam Abu Harbid, comandante da brigada norte da Jihad Islâmica, foi alegadamente morto esta segunda-feira de manhã após os ataques no enclave. A morte, porém, não foi ainda confirmada por fontes oficiais.
A mais recente ofensiva surge horas depois de o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ter dito que os ataques ao enclave palestiniano iriam continuar “com toda a força”.
Depois de terem sido disparados foguetes de Gaza contra as cidades israelitas de Beersheba e Ashkelon, os jatos israelitas bombardearam o que os militares disseram ser 15 km de túneis subterrâneos utilizados pelo Hamas. Também atingiu nove residências pertencentes a comandantes de alto nível do Hamas, afirmou.
As explosões abalaram a cidade de Gaza de Norte a Sul, num bombardeamento que foi mais pesado, mais alastrado e mais prolongado do que os ataques aéreos que mataram pelo menos 42 palestinianos e feriram dezenas no domingo. Um palestiniano foi dado como ferido.
Os militares israelitas disseram que o Hamas, um grupo considerado por Israel, os Estados Unidos e a União Europeia como um movimento terrorista, e outras fações armadas dispararam cerca de 3.150 foguetes a partir de Gaza durante a semana passada. Israel diz ter atingido 1180 alvos terroristas, de acordo com a agência EFE.
O sistema de defesa antimísseis de Israel intercetou cerca de 90% dos foguetes, e cerca de 460 aterraram na Faixa de Gaza.
O Hamas disse que os seus ataques foram uma retaliação à "agressão contínua de Israel contra civis", incluindo o ataque aéreo na cidade de Gaza no domingo, que destruiu várias habitações.
Os militares israelitas avançam que as baixas civis foram involuntárias e que os seus jatos atacaram um sistema de túneis utilizado pelos militantes, que entrou em colapso, derrubando as casas. O Hamas chamou-lhe "matança pré-meditada".
De acordo com as autoridades de saúde da Gaza, citadas pela Reuters, pelo menos 201 pessoas, incluindo 58 crianças e 34 mulheres, foram mortas na Faixa de Gaza desde que a violência começou há uma semana. Mais de 1.300 palestinianos ficaram feridos.
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu-se no domingo, na terceira reunião de emergência sobre o atual conflito entre israelitas e palestinianos, mas continua sem conseguir uma declaração conjunta, avançou a agência France-Presse. A sessão, que decorreu de forma virtual, resultou em ataques recíprocos entre palestinianos e israelitas.
Na terça-feira há uma reunião de emergência dos chefes da diplomacia da União Europeia sobre a mesma temática.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar “consternado” com as mortes de civis em Gaza e “profundamente perturbado” pelo ataque de Israel contra um prédio que abrigava escritórios da imprensa internacional, revelou um porta-voz.
Na mesma nota, divulgada no domingo, Guterres lembra a todas as partes “que qualquer ataque indiscriminado contra estruturas civis e dos media viola o direito internacional e deve ser evitado a todo o custo”.
O Papa Francisco apelou à paz no Médio Oriente, e aos responsáveis israelitas e palestinianos para que façam calar as armas, com a ajuda da comunidade internacional.
"A morte delas [crianças] é um sinal de que não querem construir o futuro, mas sim destruí-lo", disse o Papa durante o Angelus do último domingo.
Durante o fim de semana, ataques provocaram a morte de 10 membros de uma mesma família e a destruição de um edifício de 13 andares, onde estavam os escritórios do canal Al-Jazeera e da agência de notícias americana Associated Press (AP), além de apartamentos residenciais.
O exército israelita alega que a torre Al Jalaa “continha equipamentos pertencentes à inteligência militar” do movimento Hamas.
Os atuais combates, considerados os mais graves desde 2014, começaram a 10 de maio, após semanas de tensões entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental, que culminaram com confrontos na Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar sagrado do islão junto ao local mais sagrado do judaísmo.
Ao lançamento maciço de rockets por grupos armados em Gaza em direção a Israel opõe-se o bombardeamento sistemático por forças israelitas contra a Faixa de Gaza.
O conflito israelo-palestiniano remonta à fundação do Estado de Israel, cuja independência foi proclamada a 14 de maio de 1948.