PNS “está a tentar passar por moderado e rotular Montenegro de irresponsável e radical”
07-12-2023 - 10:19
 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos

O comentador da Renascença analisa a posição do candidato à liderança do PS, em relação ao pagamento do tempo de serviço dos professores.

Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do PS, em entrevista à Renascença, admite que pode precisar de duas legislaturas para pagar o tempo de serviço aos professores. O ex-ministro diz estar à espera das contas da UTAO e, por isso, não se compromete em devolver tudo em quatro anos.

João Duque, comentador d’As Três da Manhã, vê nas palavras do Pedro Nuno Santos “uma estratégia clara, que é mostrar-se mais moderado, mais conservador, para conquistar um território que é grato ao PSD e, portanto, mostrar que quem, aqui, parece irresponsável e radical é Luís Montenegro”.

Recorde-se que o líder do PSD já disse que o partido vai propor o pagamento faseado por cinco anos do tempo de serviços dos professores, atribuindo 20% em cada ano.

De acordo com contas do Governo, o tempo de recuperação dos professores implica 300 mil euros de despesa permanente.

O economista João Duque lembra que “há no orçamento de mais de 100 mil milhões” e, por isso, “há espaço para afetar 300 milhões a um grupo de funcionários públicos que se dedicam à educação dos portugueses, dos jovens portugueses, mas, depois, é preciso cortar nalgum outro lado”.

“É uma questão de escolhas e de prioridades”, assinala.

Questionado sobre se isto acontecer para os professores, será de total justiça fazer o mesmo com outros setores da Administração pública, o comentador reforça que “há que ter em conta quais são as prioridades”.

“Os políticos são aqueles que nós elegemos para, e confiamos, tomarem as decisões de ordenação das prioridades que olham para o longo prazo. Agora, isto, muitas vezes, não capta votos e eles não querem divulgar verdadeiramente a intenção deles, até tomarem posse. Depois, dizem que o quadro é diferente daquilo que estavam à espera, que vamos ter que fazer outras coisas e tomar outras prioridades. É muito difícil as pessoas entrarem num quadro eleitoral e dizerem ‘eu prefiro e vou privilegiar determinada classe, como os médicos, os professores, etc.’”, completa.