O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) vai fazer “obras de capacitação” no Serviço de Medicina Intensiva para aumentar o número de camas disponíveis e duplicar o número de quartos de isolamento, revelou esta terça-feira o diretor daquele serviço.
“Houve um conhecimento por parte das estruturas centrais de que o número de camas com que partimos para a crise Covid-19 em medicina intensiva era inferior aquilo que deveria ser”, disse, acrescentando que a obra se insere no “projeto global nacional de capacitação da medicina intensiva”.
Pelo Serviço de Medicina Intensiva do Hospital de São João, no Porto, passam anualmente “três mil doentes”, afirmou o clínico, acrescentando que a empreitada vai permitir “um ligeiro aumento do número de camas”, passando de 70 para 78.
Alem do aumento de 12% do número de camas, as obras de capacitação vão também permitir “duplicar o número de quartos de isolamento de unidades de cuidados intensivos”, passando de nove para 18.
“Tendo já resultados muito positivos, uma mortalidade em UCI de 11% e hospitalar global de 16%, [a empreitada] vai permitir melhorar o cuidado dos doentes”, destacou.
Nos quartos de isolamento, as melhorias feitas permitirão também “modelar a pressão ambiental” no seu interior, possibilitando a criação de “pressão positiva para evitar que contaminantes que existem no ar do quarto sejam levados para fora”, como “pressão negativa e evitar em determinadas patologias que os micro-organismos que causam doença saiam do quarto”.
“É importante na Covid-19, e já era e continua a ser importante por outras patologias como a gripe e a tuberculose”, salientou.
O diretor do Serviço de Medicina Intensiva referiu ainda que as melhorias vão permitir mitigar “um problema significativo”, nomeadamente, as infeções que são adquiridas pelos doentes naquele serviço hospitalar.
"Situação de tranquilidade" na pandemia
À Renascença, Artur Paiva conta ter "uma expetativa armada" para o próximo inverno.
As obras de capacitação são "particularmente sensíveis" aos próximos meses, devido à "prevalência das doenças respiratórias" nos próximos meses do ano.
"Estamos numa situação de tranquilidade em termos de Covid-19. Temos uma taxa de vacinação extraordinária e não temos novas variantes perigosas. Temos de manter atenção a novas variantes e não sabemos como será o inverno em termos de gripe. É uma situação imprevisível", explicou.
Relativamente à próxima fase de desconfinamento, que chegará quando Portugal tiver 85% da população com a vacinação completa, o diretor do Serviço de Medicina Intensiva ser "totalmente a favor" das medidas a adotar.
Mesmo assim, Artur Paiva recomenda que se "mantenham as práticas de proteção individual, como uso de máscara e desinfeção de mãos e superfícies".