Portugal é neste momento o pior país do mundo na luta contra a pandemia. O número de mortos e de novos casos por milhão de habitantes é o maior em todo o mundo. O governo pediu ajuda internacional. Só nos últimos quinze dias, mais de 800 pessoas morreram nos lares. E mais de um terço dos portugueses mortos durante a pandemia, residiam em lares.
São números trágicos e tristes. E é neste momento que o partido do Governo e toda a esquerda parlamentar se preparam para a votação final da eutanásia. Querem facilitar a morte de quem mais sofre, quando, neste momento, tanto se sofre por quem mais morre.
Nem o horror das últimas semanas, nem o que nos espera nas próximas, demove esta agenda inexorável. Obsessiva, a orquestra continua a tocar a mesma música, insensível ao desmoronamento à sua volta. Não consegue desligar a corrente ideológica, para se conectar com o sofrimento do país.
E fazem-no através de um tema que não ousaram colocar aos portugueses quando foram eleitos. Omitiram a eutanásia dos seus programas eleitorais e impõem-na agora no auge da pandemia. Dizem representar o povo, mas ao povo nada perguntaram sobre o tema. Nem querem saber o que o povo pensa, não vá o povo ter ideias diferentes. O que parece ser mais uma liberdade, não passa de um retrocesso civilizacional que põe em causa a vida. E mais uma vez, a vida dos mais débeis.
O PAN e o Bloco de Esquerda fazem-no por obsessão ideológica. É mau, mas não espanta. Mas era admissível esperar do PS outro comportamento. As responsabilidades governativas e uma réstia de sentido de Estado, alimentavam a esperança na reponderação de um processo legislativo que não deveria ser prioritário, num país varrido por uma pandemia que está a ceifar vidas de tantas pessoas.
Mas se o comportamento do PS é lamentável, como explicar o do PSD? Na votação na especialidade o PSD absteve-se. Nem sim nem não. Lava as mãos e deixa correr. Anemia total, ausência de valores e referências.
Vivemos entre a obsessão e a anemia. Um tema com a gravidade da eutanásia está entregue à obsessão da esquerda e à anemia envergonhada do PSD.
A desorientação do PS e a falta de rumo do PSD abrem espaço à emergência de novas forças, algumas delas radicais: de direita, mas também de esquerda.
Se PS e PSD não mudarem, o país irá mudá-los. E não será para melhor.
PS.: Lamentável e digna de uma ditadura a decisão de o Governo proibir as escolas privadas de proporcionarem ensino à distância aos seus alunos. Pior, só a tentativa de António Costa vir dizer que o ministro da Educação não disse aquilo que realmente disse. Não vale tudo. O primeiro-ministro devia sabê-lo.