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As medidas “mais radicais” contra a Covid-19, para não serem um fracasso e terem eficácia, têm que ser “aceites, compreendidas e consensualizadas na sociedade portuguesa”, disse este sábado o Presidente da República.
“Aquilo que todos desejamos é que seja possível, com a aplicação destas medidas restritivas, umas já estão em vigor e outras dependem de aprovação do Parlamento, evitar medidas mais radicais, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, de visita a Vila do Bispo, no Algarve, depois de uma semana marcada declaração do estado de calamidade e pela polémica em torno da obrigatoriedade da aplicação StayAway Covid.
O Presidente da República não deseja, mas volta a abrir a porta a novas restrições, com estado de emergência e confinamentos para travar a pandemia, se os números continuarem a aumentar.
"Se pudermos evitar as mais radicais das medidas radicais, melhor. É o que nós desejamos. Como tem sido por muitos, por mim, pelo Governo, pelo primeiro-ministro, preferimos mil vezes que as medidas menos restritivas possam surtir efeito a ter de recorrer a medidas mais radicais, e sabem que a mais radical de todas, que ninguém deseja de adotar, é a do confinamento total."
Marcelo Rebelo de Sousa diz que não há "números mágicos", mas traçou algumas linhas vermelha para o endurecimento das restrições em relação ao atual estado de calamidade.
"Acho que não se pode colocar a questão em termos de um número mágico a partir do qual há esta ou aquela medida, há uma conjugação de fatores, mas há números que são muito importantes. O número mais importante é o número de mortos, em termos absolutos e em termos comparados relativamente a situações que já vivemos e que outros países vivem. Depois são muito importantes os números de internados e de cuidados intensivos. Estes números são mais importantes do que o número de infetados, embora também tenha relevo", sublinhou.
Nas últimas 24 horas, as autoridades de saúde registaram mais 2.153 novas infeções de Covid-19 e mais 13 óbitos associados à doença, indica o mais recente boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde (DGS).
O Presidente constata que "os números de hoje são melhores do que os números de ontem, e são de um dia de semana, reportam-se a sexta-feira".
"Esperamos todos que isso signifique nos números da semana que vem que não há a continuação de uma tendência de aumento de infetados e de mortes", afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa vai receber na próxima semana personalidades da área da saúde, mas também dos setores económico e social.
O chefe de Estado espera que seja possível uma “convergência de pontos de vista quanto a evolução da pandemia e a medidas para enfrentar a pandemia” e também um “equilíbrio entre a preocupação com a vida e saúde e com a não paragem radical da economia e sociedade”.
EVOLUÇÃO DA COVID-19 EM PORTUGAL