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O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol dá nota positiva ao trabalho do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol.
Para Luciano Gonçalves ficou a faltar uma comunicação mais aberta, de forma a proteger os árbitros.
Em entrevista a Bola Branca, o líder da APAF faz um balanço positivo do intercâmbio com a arbitragem francesa, recusa a divulgação dos áudios das equipas de arbitragem e anuncia a ambição de ter a Academia da arbitragem pronta em 2024.
O que pensa do trabalho do Conselho de Arbitragem?
Em várias ocasiões não concordei com algumas opções do Conselho de Arbitragem. Mas isso tem a ver com a questão da gestão da arbitragem, aquilo que é a sua estratégia e nós podemos não concordar, mas isso de forma nenhuma coloca em causa aquilo que é o respeito, a lealdade, o trabalhar em conjunto entre o Conselho de Arbitragem (CA) e a APAF.
Onde nós podíamos esperar um pouco mais tem a ver com a comunicação, ou seja, ajudava-nos imenso se o CA comunicasse mais com o exterior para não serem apenas APAF e árbitros a terem o primeiro impacto. Mas o Conselho de Arbitragem tem feito um trabalho muito satisfatório, tendo em conta as condições que foi encontrando ao longo do tempo.
E na questão do VAR, também podia haver uma comunicação mais aberta do Conselho de Arbitragem?
Este CA encontrou a fase da implementação do VAR, que quando apareceu em Portugal tinha solução para tudo, ia acabar com os erros todos.
Ou seja, faltou comunicação para que as pessoas percebessem que o VAR tem apenas quatro situações em que pode intervir. Penso que pode haver mais comunicação, mais explicações para o exterior. Algumas vezes o CA deu explicações, mas deveria ter sido mais recorrente, o que naturalmente iria desvalorizar algum ruído.
O intercâmbio com França tem sido benéfico para a arbitragem portuguesa?
O intercâmbio na altura em que foi lançado e na altura que foi divulgado tinha o objetivo de ter árbitros estrangeiros para fazer os jogos mais complicados.
Eu, desde a primeira hora, mostrei estar contra. Mas tendo em conta, que, felizmente, o objetivo deste intercâmbio foi alterado e as coisas mudaram.
Serve como formação e serve até para nós também percebermos o que podemos aprender com os árbitros franceses e eles connosco. Estou muito satisfeito com aquilo que tem estado a acontecer com o intercâmbio, inclusivé na arbitragem feminina.
Concorda com a divulgação dos áudios das equipas de arbitragem, principalmente do VAR?
Os áudios das equipas de arbitragem a serem tornados públicos seriam mais uma ferramenta para se virar contra a arbitragem. A FIFA também não permite essa divulgação, a não ser por motivos de formação-
A arbitragem não tem que estar a esconder, agora também não tem de querer que a sua comunicação seja audível, ou seja, nós estamos a falar de uma comunicação de arbitragem que é fechada. Só se ouve os árbitros a falar, quando antes podíamos ter tido um jogador ou um treinador a provocar o árbitro.
Não temos as condições técnicas para que possam estar todos da mesma forma. Árbitros, mas também jogadores e treinadores. Se isso acontecesse, se calhar até podia mudar um pouco a educação que devia existir no decorrer do jogo. Agora apenas e só para ouvirmos as equipa de arbitragem falar e serem mais um motivo de chacota durante a semana, isso não concordo
Como é que está o projeto da Academia da APAF?
Nós estamos a analisar várias hipóteses. Felizmente tivemos vários municípios, quando nós apresentámos o projeto, a demonstrar interesse em receber a Academia. Existem algumas condições das quais não podemos abdicar. Ou seja, tem de ser um local com um estádio com campo relvado e sintético, uma pista de tartan, um pavilhão.
Temos alguns locais que nos interessam. Nós gostaríamos que este projeto estivesse concluído antes de 2024.