As Nações Unidas denunciaram hoje pelo menos 137 ataques "contra os cuidados de saúde" em Gaza desde o início da guerra com Israel, ações que classifica como "uma violação do direito e convenções humanitárias internacionais".
"Nos últimos 36 dias, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registou pelo menos 137 ataques contra os cuidados de saúde em Gaza", referiu a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Mediterrâneo Oriental, num comunicado conjunto com as delegações regionais da UNICEF -- Fundo das Nações Unidas para a Infância e da FNUAP - Fundo das Nações Unidas para a População, citado pela EFE.
Segundo a nota, estes ataques causaram a morte de 521 pessoas, incluindo 16 trabalhadores humanitários, e deixaram quase 700 feridos, entre pacientes e profissionais de saúde.
"Os ataques a instalações médicas e civis são inaceitáveis e constituem uma violação do direito e das convenções internacionais humanitárias e de direitos humanos. Não podem ser tolerados", afirmaram as agências.
As organizações dizem ainda ter ficado "horrorizadas" com os recentes ataques contra o Hospital Al Shifa - o maior de Gaza -, o Hospital Pediátrico Al Rantissi Nasser, o Hospital Al Quds e outros localizados na cidade e no norte do enclave palestiniano, onde "muitas pessoas morreram, incluindo crianças".
Estas entidades receberam relatos de mortes de "bebés prematuros e recém-nascidos que estavam a receber suporte vital" devido a cortes de energia e esgotamento de combustível, um recurso que Israel impede de entrar no enclave por medo de que seja utilizado pelo grupo Hamas.
Diante desta escassez premente, também de água e de suprimentos médicos básicos, "a vida de todos os pacientes está em risco", segundo o comunicado, que lembra que mais da metade dos hospitais da Faixa de Gaza estão fora de serviço e que os que permanecem em funcionamento só podem fornecer serviços de emergência mínimos.
"O mundo não pode permanecer em silêncio enquanto os hospitais, que deveriam ser refúgios seguros, são transformados em cenários de morte, devastação e desespero", afirmaram as agências da ONU, que apelaram a uma "ação internacional decisiva" para implementar a interrupção imediata dos bombardeamentos na Palestina.
Em 07 de outubro, o Hamas -- classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - efetuou um ataque de dimensões sem precedentes a território israelita, fazendo mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns, que mantém em cativeiro na Faixa de Gaza.
Iniciou-se então uma forte retaliação de Israel àquele enclave palestiniano pobre e desde 2007 controlado pelo Hamas, com cortes do abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que completou na quinta-feira o cerco à cidade de Gaza.
Este conflito provocou pelo menos 11.000 mortos na Faixa de Gaza e 1.400 em Israel.