O bispo de Coimbra pretende deixar uma mensagem de esperança às vítimas dos fogos na região Centro. Em declarações à Renascença, D. Virgílio Antunes afirmou que também nos momentos de tragédia é possível encontrar a fé e defendeu a urgência de todos – Estado e particulares – se prepararem melhor para evitar tragédias como as que se viveram nos incêndios de Junho e Outubro.
D. Virgílio Antunes almoça neste dia de Natal com familiares das vítimas dos incêndios de Junho na zona de Pedrogão Grande e com o Presidente da República. O bispo e o Presidente serão os únicos convidados de um almoço privado.
Pouco depois da tragédia de Pedrogão, questionado por um jornalista, o Presidente da República disse que iria lá passar o Natal. Ao longo dos últimos meses voltou a dizer, embora alterando algumas vezes o “programa”. Marcelo Rebelo de Sousa chegou a anunciar que iria passar a noite de Natal, mas embora tenha mantido a intenção de ir dormir a Pedrógão, passou a Consoada com a família.
O Presidente foi articulando a sua intenção de ir a Pedrogão no Natal com a associação de famílias das vitimas e com a Câmara Municipal. Marcelo quer, por um lado, que os acontecimentos de Junho sejam lembrados neste dia e, por outro, dar algum conforto às famílias.
Assim, a presença do Presidente – que não tem agenda oficial neste dia e irá acompanhado apenas pelos seguranças – será mais discreta do que inicialmente previsto. Começa pelo almoço em que terá a companhia do bispo de Coimbra que, em declarações à Renascença, disse que pretende levar esperança a uma região atingida pela tragédia.
D. Virgílio Antunes considera que a tragédia não pôs em causa a fé das pessoas. Muito pelo contrário.
“As pessoas tanto encontram a fé nos momentos em que a vida corre bem como podem encontrar a fé nos momentos em que a vida corre mal. Nestes embates grandes, nos dramas nas tragédias, por vezes também são momentos de uma reflexão mais séria, mais profunda e fazem-nos compreender que não temos a vida nas nossas mãos e que as situações podem alterar-se e que aquilo que importa é manter bem vivo este sentido humano, religioso e crente”, defende o bispo que tem apostado numa presença forte junto das comunidades atingidas.
“Procuro acompanhar, conhecendo tudo aquilo que se vai passando, que se vai realizando e também com as muitas visitas que já tive oportunidade de fazer a estas populações nas regiões mais afectadas”, afirma D. Virgílio, lembrando que há lições ainda tirar do que se passou.
Uma das mais importantes, segundo o bispo de Coimbra, é a urgência de todos se prepararem melhor para evitar mais tragédias.
“Temos de nos preparar de forma mais adequada para que, tudo aquilo que depende de nós – seja do Estado, seja da organização das comunidades locais, seja das populações, dos particulares e dos privados, para que todos façamos aquilo que está ao nosso alcance no que diz respeito ao ordenado das florestas, à prevenção, à adequação dos meios de socorro de combate e de protecção”, conclui D. Virgílio Antunes, que presidiu aos funerais de algumas das vítimas do grande incêndio de Pedrogão Grande.
Depois do almoço, o Presidente da República vai à nova sede da associação de familiares das vítimas do incêndio de Pedrogão. Um momento que a associação não quis chamar de inauguração e para o qual não fez convites. Pelas cinco da tarde, Marcelo Rebelo de Sousa estará também num concerto de Natal. Mas na agenda oficial do Presidente nada consta.
Na passagem de ano, Marcelo Rebelo de Sousa vai andar pelos concelhos afectados pelos incêndios de Outubro, devendo fazer a tradicional mensagem de Ano Novo em directo de Vouzela.