Feridos, detenções e caos na Suécia após apelo à queima do Corão
18-04-2022 - 13:55
 • Diogo Camilo

Grupo Stram Kurs organizou manifestações anti-imigração em várias cidades suecas, apelando à queima de exemplares do Corão. Mais de 40 pessoas foram detidas nos últimos quatro dias.

Mais de 40 pessoas já foram detidas após quatro dias de violentos confrontos no sul da Suécia, entre polícia e manifestantes, na sequência de protestos contra um grupo de extrema-direita que apelou à queima de exemplares do Corão. Nos últimos incidentes, em Norrköping, três pessoas ficaram feridas após o disparo de tiros de aviso.

“Três pessoas parecem ter sido atingidas por ricochetes e estão, neste momento, a receber tratamento no hospital”, indicou a polícia em comunicado no domingo, esclarecendo que nenhum dos feridos se encontra em estado grave.

A espiral de violência teve início na quinta-feira, quando o movimento extremista “Stram Kurs” (“Linha Dura”, em sueco) transmitiu vídeos em direto nos quais o seu líder, o dinamarquês-sueco Rasmus Paludan, queimava exemplares do Corão.

Os apelos do grupo estiveram na origem de episódios de violência na sexta-feira em Linköping, Norrköping, Rinkeby e Örebro, no sábado em Malmö e este domingo em Norrköping e Linköping, após a convocação de manifestações anti-imigração e anti-islâmicos.

A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, condenou a violência e a polícia diz estar a investigar estes eventos, descrevendo os acontecimentos como “inaceitáveis” e indicando que fará tudo o possível para identificar quem esteve envolvido nos motins.

Para a religião muçulmana, o Corão é considerado a palavra sagrada de Deus e qualquer dano intencional ou sinal de desrespeito é encarado como profundamente ofensivo.

Em entrevista este domingo ao jornal sueco Aftonbladet, o ministro da Justiça sueco, Morgan Johansson, pediu aos manifestantes para “irem para casa”, descrevendo Paludan como um “tolo de extrema-direita” que tem como único objetivo “incitar à violência e a divisões”. “A Suécia é uma democracia e numa democracia, os tolos também têm liberdade de expressão”, disse.

Paludan tornou-se uma figura conhecida na Dinamarca em 2017, quando começou a divulgar vídeos com conteúdo anti-muçulmano e anti-Islão no YouTube. Em 2019, o seu partido “Stram Kurs” quase entrou no parlamento dinamarquês, e no mesmo ano Paludan foi condenado a 14 dias de prisão condicional por discursos racistas, enfrentando uma pena de um mês de prisão após ter sido considerado culpado em 14 casos diferentes de discurso de ódio, difamação e racismo.