Mais de 40 pessoas já foram detidas após quatro dias de violentos confrontos no sul da Suécia, entre polícia e manifestantes, na sequência de protestos contra um grupo de extrema-direita que apelou à queima de exemplares do Corão. Nos últimos incidentes, em Norrköping, três pessoas ficaram feridas após o disparo de tiros de aviso.
“Três pessoas parecem ter sido atingidas por ricochetes e estão, neste momento, a receber tratamento no hospital”, indicou a polícia em comunicado no domingo, esclarecendo que nenhum dos feridos se encontra em estado grave.
A espiral de violência teve início na quinta-feira, quando o movimento extremista “Stram Kurs” (“Linha Dura”, em sueco) transmitiu vídeos em direto nos quais o seu líder, o dinamarquês-sueco Rasmus Paludan, queimava exemplares do Corão.
Os apelos do grupo estiveram na origem de episódios de violência na sexta-feira em Linköping, Norrköping, Rinkeby e Örebro, no sábado em Malmö e este domingo em Norrköping e Linköping, após a convocação de manifestações anti-imigração e anti-islâmicos.
A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, condenou a violência e a polícia diz estar a investigar estes eventos, descrevendo os acontecimentos como “inaceitáveis” e indicando que fará tudo o possível para identificar quem esteve envolvido nos motins.
Para a religião muçulmana, o Corão é considerado a palavra sagrada de Deus e qualquer dano intencional ou sinal de desrespeito é encarado como profundamente ofensivo.
Em entrevista este domingo ao jornal sueco Aftonbladet, o ministro da Justiça sueco, Morgan Johansson, pediu aos manifestantes para “irem para casa”, descrevendo Paludan como um “tolo de extrema-direita” que tem como único objetivo “incitar à violência e a divisões”. “A Suécia é uma democracia e numa democracia, os tolos também têm liberdade de expressão”, disse.
Paludan tornou-se uma figura conhecida na Dinamarca em 2017, quando começou a divulgar vídeos com conteúdo anti-muçulmano e anti-Islão no YouTube. Em 2019, o seu partido “Stram Kurs” quase entrou no parlamento dinamarquês, e no mesmo ano Paludan foi condenado a 14 dias de prisão condicional por discursos racistas, enfrentando uma pena de um mês de prisão após ter sido considerado culpado em 14 casos diferentes de discurso de ódio, difamação e racismo.