O músico Salvador Sobral apelou esta segunda-feira a que se aumente a fatia do orçamento para a cultura, considerando o valor atual "um bocadinho vergonhoso", e a que se baixe o IVA aplicado aos bilhetes dos espetáculos.
Salvador Sobral deixou este apelo perante o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa cerimónia em que foi condecorado pelo chefe de Estado e recebeu um prémio da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal, em conjunto com a sua irmã, Luísa Sobral.
"Espero também que estes prémios, estas condecorações sejam um incentivo para aumentar um bocadinho a fatia no Orçamento do Estado, para orçamentos do Estado futuros na cultura, porque isto é um bocadinho vergonhoso. E também para baixar o IVA nos bilhetes dos espetáculos, voltar a baixar aos 6%", afirmou o cantor, no final desta cerimónia, realizada na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Salvador e Luísa Sobral receberam esta segunda-feira o Prémio Personalidade do Ano 2017, atribuído pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP).
O Presidente da República aproveitou esta ocasião para condecorar os dois músicos com o grau de comendadores da Ordem do Mérito, pela vitória do festival da Eurovisão, no dia 13 de maio do ano passado.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se à vitória da canção "Amar pelos dois", composta por Luísa Sobral e interpretada pelo seu irmão, Salvador Sobral, como um "êxito singular" que não poderia deixar de merecer uma distinção.
Luísa Sobral foi a primeira a falar para agradecer o prémio da AIEP e a condecoração presidencial, expressando "um orgulho enorme" pelas duas distinções.
"Eu não componho a pensar num prémio que possa ganhar alguma vez, eu acho que é tudo muito genuíno, e então ver de onde é que uma coisa nasce até chegar aqui, e ver esta canção que o meu irmão conseguiu cantar e unir o país, e a nossa chegada ao aeroporto – tudo isso, e este momento, são tudo momentos que nós iremos guardar para sempre", declarou.
A cantora e compositora observou, no entanto, que "fica um bocadinho difícil receber isto com uma idade assim tão jovem".
"A partir daqui eu acho que só pode ir para baixo. Estamos a receber tudo, a partir daqui não sei muito bem o que é que pode acontecer. Mas já fico muito feliz que isto tenha acontecido aos 30, para ti ainda aos 28", acrescentou, dirigindo-se para o irmão.
Em seguida, Salvador Sobral enunciou as primeiras palavras de canção vencedora da Eurovisão: "Se um dia...".
"É que eu é mais cantar", justificou, considerando que é difícil falar a seguir ao Presidente da República, que "falou muito bem", e à sua irmã, que "também fala sempre muito bem".
"Foi tão orgânico todo este processo, que é quase estranho nós estarmos a ser tão elogiados e ganharmos este prémio. Eu gosto é de cantar, eu sempre fiz isto, é estranho de repente receber condecorações e prémios da imprensa internacional", prosseguiu.
Antes de deixar o seu apelo a mais orçamento para a cultura, Salvador Sobral congratulou-se por "poder fazer algo com tanta naturalidade" como cantar e elogiou a canção "Amar pelos dois", composta pela sua irmã.
"A canção é tão bonita e chegou ao coração de toda a gente. E o facto de nós conseguirmos levar felicidade, nem que seja por aqueles dois minutos de canção, às pessoas, já valeu a pena", disse.