Pedro Passos Coelho diz que Luis Montenegro quer desligar-se do passado e da herança do anterior governo PSD. O antigo primeiro-ministro considera que o atual chefe de Governo está à procura de se desconectar dos seus anos de governação.
Em entrevista ao podcast “Eu estive lá”, de Maria João Avillez e da Rádio Observador, Passos Coelho sublinha, contudo, a importância que terá tido o trabalho de Montenegro como seu líder parlamentar para chegar à presidência do PSD.
Nesta entrevista Passos reconhece que Montenegro “foi um grande líder parlamentar e foi aí que nasceu a possibilidade dele poder criar condições para fazer o caminho para vir a ser líder do PSD”.
“Ele faz parte dessa herança e desse legado”, reforça, acrescentando que lhe parece ser “muito evidente” que “durante os últimos tempos” houve uma preocupação “de tentar desligar”.
Passos Coelho diz entender esta lógica “até certo ponto”. “É importante que os partidos possam ter uma perspetiva para futuro e não ficarem sempre só ligados ao seu passado”, reforça.
Ainda assim, Passos Coelho assegura que a “última coisa” que quer “é andar a criar constrangimentos”, mas que também não pode “ser impedido de, de quando em vez, poder dizer alguma coisa” do que pensa.
Neste podcast, Pedro Passos Coelho fala também sobre Paulo Portas, revelando que a “troika”, a partir de certa altura, deixou de confiar em Paulo Portas, parceiro de Governo de Passos.
“A ‘troika’, a partir de certa altura, percebeu que havia um problema com o CDS. E passou a exigir cartas assinados por Paulo Portas”, conta Passos, adiantando que “para impedir uma humilhação do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros” obrigou o ministro das Finanças Vítor Gaspar a assinar também a carta para as instituições.
“Assinámos os três. A ‘troika’ exigia uma carta só dele. Porque não confiava nele”, garante.
Já Sobre Cavaco Silva, Passos Coelho sinaliza que com ele teve "um relacionamento impecável".
"E nos momentos difíceis tive o apoio dele. Isso foi importante para o país. Se tivesse falhado, o país teria falhado também", contou o antigo primeiro-ministro na entrevista em que também revela ter tido a perceção antecipada de que o seu sucessor, António Costa, estava a preparar um acordo com o PCP para poder governar, uma convergência à esquerda que juntou também BE e PEV.