Os taxistas são equiparados a veículos prioritários durante a greve dos motoristas, que arranca na próxima segunda-feira por tempo indeterminado, confirmou fonte oficial do Ministério do Ambiente e da Transição Energética. Pelo contrário, os TVDE (transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados, que incluem empresas com a Uber ou a Blot), não estão incluídos.
O setor poderá assim abastecer nos 54 postos da rede de abastecimento de emergência (REPA) destinados a estes veículos, como equiparados a ambulâncias, carros dos bombeiros ou das forças de segurança.
Ficam assim esclarecidas as dúvidas do setor, que não percebia se o despacho conjunto desta quarta-feira os incluía. Em declarações à Renascença, esta sexta-feira, a ANTRAL (Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros) queixava-se de ter solicitado esclarecimentos a 24 de julho, em ofício dirigido ao Ministro do Ambiente, e de ainda não ter tido resposta.
“Não sabemos o tempo que isto poderá durar e estamos manifestamente preocupados, porque o pedido expresso que foi feito não teve resposta clara", denunciava o secretário-geral da ANTRAL. "É estranho e obviamente não nos deixa sossegados.”
Abel Marques dizia que o pedido tinha sido reiterado esta quinta-feira e sublinhava que em causa estava o transporte de doentes e de sinistrados em acidentes rodoviários ou com avarias.
“Estamos a falar de pessoas com consultas marcadas e contratos regulares firmados com os nossos associados e dos infortúnios dos acidentes e avarias nas estradas. Às vezes as pessoas, até com crianças, ficam à torreira do sol com o seu veículo a ser removido por um pronto-socorro e a terem que ser transportadas para outro lugar. Seria até desumano que não tivessem nenhum transporte”, declarou.
Despacho sobre serviços mínimos deixou dúvidas
Na lista de transportes públicos que podem beneficiar dos serviços mínimos decretados pelo Governo estava definida a percentagem de 75% para a “prestação de serviço público de transporte de passageiros, rodoviários, ferroviários e fluviais, telecomunicações, água e energia”, nos “postos das empresas”.
Como as empresas de táxis não dispõem de postos específicos para abastecimento – ou seja, abastecem-se nas bombas normalmente abertas ao público –, Abel Marques inferia que o setor não estava incluído.
“Ainda ontem, com alguma preocupação, insistimos junto do ministro para saber se estamos ou não incluídos e, se não estivermos, que tenha especial atenção à sua natureza para que sejam tomadas medidas nesse sentido. Caso contrário, poderemos não conseguir acudir ao transporte de sinistrados e assistência em viagem”, sublinhava o secretário-geral da ANTRAL, que aguardava um contacto até ao final do dia.
Setor na expetativa
Em relação ao funcionamento do setor dos táxis a partir de segunda-feira, caso a greve siga em frente, Abel Marques diz não ter sido possível fazer nenhuma preparação para a escassez de combustível que se antecipa.
Aumentando a procura, é natural que o consumo de combustível por parte dos táxis seja ainda mais alto do que o habitual, numa profissão em que é comum esgotar-se um depósito em “um ou dois dias”.
“Estamos na expectativa. Há aqui alguma almofada, de dois, três ou quatro dias após o início da greve e esperamos que as coisas se resolvam nessa semana.”