Temido alerta polícias para "ponto de não retorno". Pinto Luz diz que "limite já foi ultrapassado"
06-02-2024 - 16:25

A caminho da campanha para as legislativas, dois protagonistas analisam as escolhas a fazer, das alianças às políticas.

Marta Temido e Miguel Pinto Luz juntaram-se esta terça-feira, pelas 16h30, num debate transmitido no canal de Youtube da Renascença.

Neste primeiro programa do Conversa de Eleição, a ex-ministra da Saúde e atual presidente da concelhia do PS Lisboa e o vice-presidente do PSD debateram temas como a ameaça das polícias de boicotarem as eleições legislativas de março.

Marta Temido alerta para o "ponto de não retorno" a que podem chegar os protestos das forças de segurança. No primeiro programa do Conversa de Eleição da Renascença, a ex-ministra da Saúde criticou a ameaça de boicote das legislativas e pediu "frieza" às polícias.

No debate com o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz, a atual presidente da concelhia do PS Lisboa, disse que não lhe "passa pela cabeça" que "um determinado limiar de respeito" possa ser ultrapassado.

"Não me passa pela cabeça, francamente, que as forças de segurança passem esse limiar, porque é muito difícil voltar para trás", defende a dirigente socialista, que vinca que não se trata de uma "ameaça ou de querer dizer qualquer outra coisa, apenas dizer isso".

Marta Temido alerta que "não é possível" às polícias passarem "para outro lado daquilo que é uma determinada forma de expressão", desejando que "o tal limite nunca nunca seja ultrapassado, porque há pontos de não retorno para a sociedade".

Na réplica, o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz defendeu que "este limite já foi ultrapassado", tendo em conta as recentes declarações do líder do Sindicato Nacional de Polícia "(SINAPOL) que colocou em causa "o regular funcionamento das eleições".

O dirigente do PSD é crítico do dirigente sindical Armando Ferreira, mas acusa: "Houve um problema de autoridade" do Governo perante o que diz ser uma "insurreição, quase". Pinto Luz defende que as reivindicações das polícias "são justas", mas "estamos num Estado de direito e devem exercer esse direito com limites".

No debate, que foi transmitido no canal de Youtube da Renascença pelas 16h30, os dois dirigentes partidários abordaram ainda as eleições deste domingo nos Açores.

Marta Temido insiste que é preciso esperar pela decisão que o PS-Açores irá tomar na quinta-feira, para perceber se viabiliza ou não um Governo da maioria de centro-direita de José Manuel Bolieiro.

"O Partido Socialista ao nível regional tem liberdade para os seus órgãos próprios tomarem as suas próprias decisões", argumenta a dirigente do PS. Decisão que "só pode ser conhecida depois de se conhecer o programa" de Governo de José Manuel Bolieiro.

Temido regista que é preciso "perceber que ainda não podemos pedir que os partidos se desvirtuem apenas para viabilizarem uma solução de Governo".

A dirigente do PS nota ainda que "neste momento, aquilo que os portugueses também nos estão a deixar a todos como recado mais ou menos explícito, é que a viabilidade da governação é algo que estimam e que prezam e estão a punir quem não tem essa posição".

Miguel Pinto Luz defende por seu turno que Luís Montenegro estava "dentro de uma teia de aranha e conseguiu sair". Ora, diz o dirigente do PSD, "quem está hoje preso nessa teia é o Partido Socialista" e "a tenaz mudou objetivamente de mãos".

A coligação PSD-CDS-PPM já veio garantir que não quer "fazer Governo com ninguém", salienta Pinto Luz e "se o Chega amanhã, sinaliza que vai votar contra, o Partido Socialista fica absolutamente preso a uma posição".

O PS "vai viabilizar ou não vai viabilizar?" o Governo de Bolieiro, questiona Pinto Luz. "Se não viabilizar o tal valor maior da sustentabilidade, de haver alguma perenidade de mandatos para podermos governar, vai ser colocado em causa", remata.

Confrontada com a divisão no PS sobre este assunto, nomeadamente com a posição de Francisco Assis e de Ana Gomes de que o partido devia viabilizar o Governo de José Manuel Bolieiro, a dirigente socialista Marta Temido reconhece que "os partidos são tudo menos entidades monolíticas".

Para a ex-ministra do PS "há que fazer a síntese das diversas sensibilidades e ter uma posição" e que para isso "os partidos têm órgãos, senão era cada um fazer o seu entendimento". Para além disso, defende, esses órgãos de direção "reagem em função das circunstâncias e do contexto".

Neste frente-a-frente os dois dirigentes partidários abordaram ainda como é que os programas eleitorais podem dar resposta às reivindicações, por exemplo, das forças de segurança e dos agricultores.

O Conversa de Eleição é um debate semanal que surge na sequência das eleições legislativas de março e que esta semana teve moderação da editora de política da Renascença, Susana Madureira Martins.

Reveja este primeiro debate: