Guia Euro2024. Conheça as equipas do Grupo D
12-06-2024 - 07:30
 • Francisco Sousa

A Renascença conta-lhe quais são as ideias e as figuras de França, Países Baixos, Áustria e Polónia. O Europeu vai jogar-se entre 14 de junho e 14 de julho.

França ⚽

Ao longo da última década, a França tem sido uma das equipas mais regulares do panorama do futebol internacional de seleções. Jogou três finais, ganhando uma (Mundial 2018), perdendo duas (Euro 2016 e Mundial 2022) e teve como único ‘escândalo’ a eliminação nos oitavos de final do Euro 2020 frente à seleção da Suíça.

Em 2024, parte inevitavelmente como uma das favoritas à conquista do Europeu. O plantel à disposição de Didier Deschamps é verdadeiramente luxuoso e o selecionador dos "galos" sabe bem isso. A estrutura dos últimos anos mantém-se, com jogadores veteranos como Griezmann, Giroud e Rabiot a manterem protagonismo e com Kanté de volta às opções.

Kylian Mbappé é o centro das atenções, reforçadas pela mediática transferência para o Real Madrid, onde irá encontrar os colegas de seleção Ferland Mendy, Tchouaméni e Camavinga. Mais adiante, a revelação do PSG, Barcola, promete lutar por um lugar ao sol com consagrados como Dembélé, Coman ou Kolo Muani.

Partindo de uma base entre o 4-3-3, 4-2-3-1 e 4-4-2, a França facilmente pode assumir a construção a três a partir de trás, juntando o teoricamente lateral-direito Jules Koundé aos centrais (Saliba-Konaté, ou Upamecano ainda terá lugar?), soltando o lateral-esquerdo (Theo Hernández) e um extremo mais pela direita, ficando próximo de uma configuração em 3-2-5. Esta é uma das múltiplas variantes que o treinador pode explorar numa equipa que na fase de grupos vai querer dominar, ser agressiva na exploração do espaço exterior, mas com dois homens (Griezmann e eventualmente Giroud) no acompanhamento a Mbappé nas rupturas por dentro. A pressionar sem bola devemos esperar uma formação enérgica e compacta, tanto num bloco médio como subindo mais as linhas.

O particular de março face à "renovada" Alemanha porém deixou no ar questões sobre o nível desta equipa quando apanha pela frente uma pressão forte, orientada para a zona da bola e com potencial para aproveitar espaços e erros alheios. Países Baixos e sobretudo Áustria podem proporcionar desafios duros nesse sentido.

A figura 🧞‍♂️

Kylian Mbappé. Motivado pela confirmação da tão desejada mudança para Madrid mesmo antes deste Europeu, o atacante gaulês é a figura maior de uma geração em modo constelação de estrelas. Absolutamente avassalador no ataque ao espaço e no um contra um (veremos se recupera alguma frescura, depois de um fim de época mais frouxo no PSG, em termos de potência de arranque), rompe por dentro com enorme facilidade e tem uma ligação ao golo de excelência. Pode juntar o título europeu ao Mundial conquistado há seis anos.

Países Baixos ⚽

Os neerlandeses apresentam-se neste Euro 2024 com o desejo de melhorar a performance na comparação com o último torneio continental (eliminação frente à Chéquia, nos oitavos de final). As memórias da única grande conquista – Euro 88, precisamente em solo germânico – acalentam esperanças, ainda que a ‘Laranja Mecânica’ não possa ser encarada como favorita a vencer o torneio nesta altura.

A equipa orientada por Ronald Koeman vai alternando de sistema com frequência e a perspetiva para este torneio é que possa ir rodando entre o 3-4-3 e o 3-5-2 e a aposta numa linha de 4 na defesa (4-3-3/4-2-3-1).

Verbruggen, revelação do Anderlecht transferida para o Brighton no início de 2023/24, deve ser o dono da baliza, com opções muito sólidas para o proteger no centro da defesa – van Dijk, De Ligt, van de Ven, Aké ou de Vrij. Nas laterais, Dumfries e Blind podem ser opções preferenciais, ainda que não seja de descartar a adaptação de um central à esquerda (caso joguem com linha de quatro atrás) ou a utilização de Ian Maatsen, chamado de recurso depois da onda de lesões. Na direita, é plausível que possa também atuar Frimpong (fantástica época no 3-4-2-1 de Xabi Alonso, quer fazendo toda a ala, quer jogando como extremo).

Frenkie de Jong e Koopmeiners são baixas importantes de última hora, a juntar à de Maarten de Roon. Sendo assim, Schouten ou Veerman podem aproveitar o embalo de uma época assinalável no campeão neerlandês PSV para formar a linha de meio-campo com o dinâmico Reijnders (com Gravenberch ou Wijnaldum numa segunda linha de opções).

Para o ataque, Memphis Depay parece ter lugar reservado e, dependendo da composição tática, com a irreverente companhia de Xavi Simons e/ou Cody Gakpo. Como alternativas, surgem Brobbey e Weghorst.

Apesar da indefinição quanto ao sistema, os Países Baixos têm de procurar ser uma equipa afirmativa, capaz de impor o seu jogo no meio terreno contrário e que melhore o nível defensivo por comparação com o que se viu ao longo do último ano e meio.

A figura 🧞‍♂️

Virgil van Dijk. Aos 32 anos, recuperou alguma da aura perdida na época anterior, realizando um exercício de alto nível na despedida de Klopp do banco do Liverpool. Imponente a controlar a linha defensiva e no jogo aéreo (característica que também sabe usar com eficácia na área adversária), destaca-se nos duelos, ganhando a frente aos oponentes e saindo a jogar com eficácia. Ronald Koeman confia nele e sabe que dificilmente encontraria melhor patrão para a defesa.

Áustria ⚽

As expectativas para a seleção austríaca são altas. Depois de uma campanha de qualificação consistente, a turma de Ralf Rangnick promete proporcionar dificuldades a todo o tipo de adversários, desde logo devido à capacidade que tem para pressionar os adversários em zonas mais subidas. O experiente técnico alemão é considerado um dos "pais" do "gegenpressing" tornado mundialmente conhecido pelas equipas de Jürgen Klopp e procura igualmente que as suas equipas sejam verticais no ataque às balizas contrárias.

O 4-2-3-1 será a base tática dos austríacos, privados de elementos importantes como Alexander Schlager (guarda-redes), David Alaba ou o médio Xaver Schlager. O canhoto Patrick Pentz deve assumir a baliza, na ausência do titular habitual, com a linha defensiva a contar com a polivalência dos laterais Posch e Mwene, um central imponente na marcação como Danso, eventualmente acompanhado do criterioso e robusto Wöber.

Ao meio, Seiwald e Grillitsch devem compor um duplo pivot que faz a equipa andar para a frente com bola e que é complementar na pressão sem a redonda. Daí em diante, não falta técnica para desequilibrar no passe e disparo com Sabitzer, Baumgartner e um avançado como Gregoritsch (que terá o possante Arnautović como suplente). Veremos quem vai partir mais da direita, entre o recuperador com passada larga Laimer e o mais criativo Schmid.

Atenção ainda a revelações do campeonato austríaco que podem aproveitar para dar o salto caso se mostrem neste Europeu, como o central Querfeld (Rapid Viena), o multifuncional médio Alexander Prass, os desequilibradores Grull e Seidl, também do Rapid, e ainda o possante avançado Maximilan Entrup (já de 26 anos), que há bem pouco tempo militava nos escalões secundários.

A figura 🧞‍♂️

Marcel Sabitzer. Chegou ao Borussia Dortmund e assumiu o estatuto de figura rapidamente, contribuindo para a chegada à final da Liga dos Campeões. É um médio versátil, dinâmico nas desmarcações para a segunda linha do meio-campo e com bom disparo de fora da área. Ao mesmo tempo, revela-se ativo na pressão sem bola, tornando-se indispensável para o registo de pressão ativa em zonas adiantadas.

Polónia ⚽

Qualificou-se via play-off para este Campeonato da Europa. Depois de se ter estreado na competição apenas em 2008, vai na quinta presença consecutiva, tendo atingido as eliminatórias apenas numa ocasião (2016, eliminada nos quartos de final por Portugal).

A campanha de apuramento dos polacos começou com Fernando Santos ao leme, mas o treinador português não resistiu a três derrotas fora, sendo que a mais embaraçosa foi ante a modesta Moldávia.

Michal Probierz, antigo técnico dos sub-21, assumiu a batuta, estruturou um 3-5-2 e a chegada à Alemanha concretizou-se. É de esperar uma seleção polaca posicionada em campo de maneira mais cautelosa, tendo em conta o nível dos adversários. As opções iniciais hão de andar próximas do jogo decisivo para a qualificação, em Gales.

O veterano Szczesny continuará como dono da baliza, o trio de centrais deverá ser constituído por jogadores com experiência de ligas grandes: Bednarek, Dawidowicz e um Kiwior, que até às vezes como defesa-esquerdo fez sucesso. Nas alas, voam dois dos melhores jogadores desta equipa: Frankowski, à direita, fortíssimo em ruptura e com uma vertente técnica apurada (cruza e por vezes entra em zona de remate) e o jovem Zalewski, versátil ala produzido entre Mourinho e Daniele de Rossi na Roma, a jogar do lado esquerdo.

Ao meio, o jogo cirúrgico de Piotrowski e Slisz para segurar o barco e a classe de Zielinski a ligar com os dois atacantes: o inevitável Lewandowski continua a ser o líder e jogador de ataque mais completo e deverá ter a companhia de Swiderski, com Piątek (goleador na Turquia) como alternativa.

A figura 🧞‍♂️

Robert Lewandowski. Melhor jogador da história do futebol polaco, goleador irrepreensível e elemento mais diferenciado de uma equipa sobre a qual não existem expectativas enormes antes deste Europeu. É um rematador brutal, destacando-se igualmente pela forma como sabe ligar jogo no passe e como condiciona as defesas contrárias. Dentro ou fora da área, é uma ameaça constante, ficando a faltar saber qual será o parceiro ideal para o complementar neste Europeu.