O Papa Francisco desafiou esta quarta-feira os congoloses - e em particular os cristãos - a “romper a espiral da violência” no país.
“Depõe as armas, abraça a misericórdia”, apelou o Santo Padre, numa forte mensagem à reconciliação, que apontou como antídoto para travar a violência que destrói a República Democrática do Congo.
"Num mundo desanimado com a violência e a guerra, os cristãos fazem como Jesus”, sendo chamados a “assumir e proclamar ao mundo este inesperado e profético anúncio de paz”, disse Francisco, na homília da missa a que presidiu no aeroporto de Kinshasa.
O Papa lembrou que se guarda e cultiva a paz de Jesus através de
“três nascentes de paz, três fontes para continuar a alimentá-la.: o perdão,
a comunidade e a missão”.
Começando pelo perdão, Francisco recordou as palavras de Jesus aos seus discípulos - “aqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados” - e referiu que “o perdão nasce das feridas” e que, portanto, “as fragilidades tornam-se oportunidades, e o perdão torna-se o caminho da paz”.
“Não se trata de esquecer tudo como se nada fosse, mas de abrir aos outros o próprio coração com amor”, disse o Papa.
Num país marcado pela violência e terror, Francisco apelou à reconciliação, e dirigindo-se em particular aos que se dizem cristãos no país “e que, todavia, praticam a violência”, lembrou que o Senhor diz: “Depõe as armas, abraça a misericórdia."
“Ao regressar a casa, tomai também o Crucifixo que tendes e abraçai-o. Demos a Cristo a possibilidade de nos sarar o coração”, pois “com Jesus o mal nunca triunfa, nunca tem a última palavra”, exortou.
O Papa pediu para que cada um escreva no seu quarto, ou no exterior da casa, as palavras de Jesus: “A Paz esteja convosco;” “mostrai-as serão uma profecia para o país, a bênção do Senhor sobre quem encontrais”. “Deixemo-nos perdoar por Deus e perdoemo-nos entre nós”, reforçou.
Francisco defende que a segunda fonte de paz é a comunidade e afirma que “o caminho é partilhar com os pobres, é o melhor antidoto contra a tentação de nos dividir e mundanizar. O Papa alertou para os perigos “do poder e do dinheiro”, defendendo comunidades atentas aos mais pobres e sem divisões. O Papa diz que é necessário “ter a coragem de olhar para os pobres e escutá-los, porque são membros da nossa comunidade, e não estranhos que devem ser abolidos da vista e da consciência. Abrir o coração aos outros, em vez de o fechar nos próprios problemas ou nas próprias vaidades”.
De acordo com o Papa, a terceira fonte da paz é a missão e lembrou que Jesus foi enviado por Deus para “servir e dar a vida em resgate pela humanidade” e para “todos, e não só para os justos”. E os cristãos, sublinha Francisco “são chamados por definição, a ser consciência de paz no mundo: Não só consciências criticas, mas sobretudo testemunhas de amor”.