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Três vítimas de abusos sexuais de menores na Igreja vão criar uma associação para apoiar outras pessoas que tenham sido alvo deste tipo de crimes. A organização terá o nome de “Coração Silenciado - Associação de Vítimas e Sobreviventes dos Abusos Sexuais da Igreja” e é a primeira do género a ser criada em Portugal.
“Queremos dar voz à nossa voz”, diz à Renascença Cristina Amaral, um dos três elementos fundadores da organização, todos eles vítimas de abusos na infância e adolescência, explicando que a associação nasceu de um sentimento de “indignação perante a resposta da Igreja”.
“Não basta ir para as redes sociais, haver uma indignação geral. É preciso criar uma organização”, afirma, revelando que o grupo conta com o apoio da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica em Portugal, entre os quais Pedro Strecht e Daniel Sampaio. “Têm-nos elucidado e ajudado na criação da associação.”
Além de prestar apoio psicológico e jurídico às vítimas, o grupo, que ainda não foi formalmente criado por “questões burocráticas”, pretende também reivindicar reparações financeiras.
“Todos gastámos muito dinheiro com terapias e medicamentos. Obviamente que as indemnizações estão em cima da mesa”. E esclarece: “Tencionamos que as vítimas sejam indemnizadas”.
A juntar a isto, a nova associação ambiciona também contar as suas histórias ao Papa Francisco, quando este vier a Portugal, no verão, para a Jornada Mundial da Juventude, e já pediu uma audiência ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entretanto agendada.
Além de Cristina Amaral, a associação é fundada por António Grosso e Alexandra (único nome pelo qual quer ser identificada).