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O maior especialista em doenças infeciosas dos Estados Unidos da América, Anthony Fauci, considera que a divisão política naquele país contribuiu significativamente para o número “impressionante” de mortes de Covid-19.
Os Estados Unidos ultrapassaram, na segunda-feira, a barreira do meio milhão de mortos com Covid-19 e o Presidente Joe Biden assinalou o acontecimento com um apelo à união e à luta, pela memória de quem se perdeu.
Em entrevista à Reuters, Fauci detalhou que a pandemia chegou aos Estados Unidos quando o país estava dividido politicamente, lembrando que o uso da máscara de proteção se transformou em uma declaração política e não em uma medida de saúde pública.
“Mesmo nas melhores circunstâncias, isso teria sido um problema muito sério”, afirmou Fauci, observando que, apesar da forte adesão às medidas de saúde pública, países como a Alemanha e o Reino Unido tiveram que lutar contra o vírus.
O diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infeciosas e um dos principais assessores do Presidente Joe Biden, considera, no entanto, que “isso não explica como um país rico e evoluído [como os EUA] pode ter a maior percentagem de mortes e ser o país mais atingido do mundo”.
“Não deveria ter acontecido", assinala Fauci.
Embora os Estados Unidos tenham apenas cerca de 4% da população global, registaram quase 20% de todas as mortes por Covid-19, e, para Anthony Fauci, foi “a pior coisa que aconteceu no que diz respeito à saúde da nação, nestes 100 anos”, acrescentando que “nas décadas futuras, as pessoas continuarão a falar sobre “o ano horrível de 2020, e talvez 2021”.
No entender de Fauci, o “fracasso da nação não pode ser totalmente atribuído a Donald Trump, esclarecendo, no entanto, que “a falta de envolvimento do topo da liderança na tentativa de fazer tudo o que era baseado na ciência foi claramente prejudicial ao esforço”.
Segundo Fauci, o aparecimento de variantes mais contagiosas do coronavírus, especialmente as da África do Sul e do Brasil, que mostraram reduzir a imunidade contra infeções naturais e vacinas, tornaram um desafio poder prever quando é que o país será capaz de superar a pandemia.
Ainda assim, o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infeciosas antevê, à semelhança de Biden, que os Estados Unidos da América possam regressar a algo aproximado à vida normal pré-pandémica perto do Natal, advertindo, no entanto, que “isso pode mudar”.
As variantes também mudam a equação, quando se trata da imunidade de grupo, em que uma determinada população fica protegida da infeção devido aos altos níveis de imunidade de vacinas ou infeções. O diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infeciosas admite que o país pode conseguir “pelo menos, imunidade coletiva contra a doença”.