Prossegue esta quarta-feira a retirada de contentores no Porto de Lisboa, e com o apoio policial. A Renascença apurou que a operação decorre agora no terminal de Xabregas e conta com a presença de quatro equipas de intervenção rápida e de agentes da PSP da divisão de trânsito.
Um piquete de greve constituído por várias dezenas de estivadores está na entrada do terminal da Sotagus, que se encontra guardado por elementos da polícia. Estão revoltados com "a eventual" presença de trabalhadores da "'pool' alternativa" em laboração junto aos contentores.
A retirada de contentores começou na terça-feira, em Alcântara, numa decisão tomada para tentar ultrapassar os efeitos negativos da paralisação, que dura desde o dia 20 de Abril.
A operação decorreu com o apoio de agentes da PSP, por receio da reacção dos trabalhadores em greve, que marcaram para esta quarta-feira um plenário em Alcântara.
Na segunda-feira, a Associação de Operadores do Porto de Lisboa (AOPL) admitiu o despedimento colectivo dos 320 trabalhadores, baseado no facto de as operações estarem paralisadas há mais de um mês. Contudo, mais tarde, os operadores afirmaram que esse será o último recurso, que pode ser evitado se os trabalhadores e o sindicato chegarem a acordo durante esta semana.
Na última sexta-feira, o Sindicato dos Estivadores recusou a proposta de acordo de paz social e de celebração de um novo contrato colectivo de trabalho.
CGTP solidária com estivadores
“A CGTP-IN manifesta a sua solidariedade à luta dos trabalhadores estivadores do Porto de Lisboa, pela defesa da contratação colectiva, contra a precariedade, a prepotência e a arrogância patronal”, refere o sindicato, em comunicado divulgado esta quarta-feira.
No documento, a central refere que a luta dos estivadores ganha “maior relevância” após o anúncio de “um suposto despedimento colectivo, que é ilegal e uma violação grosseira da Lei da Greve, perpetrada pelo patronato, com o apoio da PSP”.
De acordo com o comunicado, assinado pelo secretário-geral da central, Arménio Carlos, os problemas laborais “não se resolvem com o recurso à mentira, ao terrorismo psicológico e à generalização da precariedade e dos baixos salários”, situação que o sindicalista acusa que tem sido uma prática.
“O patronato utiliza o diálogo como uma manobra de diversão e a negociação como um instrumento de imposição de normas que desvalorizam o trabalho e põem em causa a dignidade dos trabalhadores”, refere.
Para Arménio Carlos são “inadmissíveis todas as atitudes patronais que visem a redução brutal dos rendimentos e direitos dos trabalhadores, para assegurar o aumento da exploração e, com ela, a acumulação de lucros”.
De acordo com o último pré-aviso, a greve vai prolongar-se até dia 16 de Junho. O protesto tem sido estendido através de sucessivos pré-avisos, devido à falta de entendimento entre estivadores e operadores portuários sobre o novo contrato colectivo de trabalho.
100 mil euros por dia
A greve no Porto de Lisboa tem um prejuízo diário de 100 mil euros, afirma o Governo, que mandatou a nova administração a retomar a sua viabilidade com o que estiver ao seu alcance.
Ao considerar que a paralisação, no âmbito de um conflito “que se prolonga há quatro anos”, põe em causa a “sustentabilidade do Porto de Lisboa” e “afecta a economia nacional”, a ministra do Mar, Ana Paula Figueiredo, reconheceu na terça-feira que “a razão nunca está só de um lado”, mas sublinhou “que existem limites que não podem ser ultrapassados”
E um deles “já foi: pôr em causa a viabilidade económica do Porto de Lisboa", precisou.