A presidente da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas aponta “erros” à investigação da Polícia Judiciária (PJ) no caso do desaparecimento de Madeleine McCann.
Em declarações à Renascença, Patrícia Cipriano aponta “falta de rigor” e erros flagrantes, “desde logo, na preservação da cena do crime”.
“Houve, de facto, contaminação da cena do crime, que não podia existir de maneira nenhuma. Entrou ali muita gente. Depois houve logo como que uma tese inabalável”, acrescenta, numa referência ao facto de a linha de investigação portuguesa ter seguido a tese da exclusiva responsabilidade dos pais no desaparecimento da menina.
Patrícia Cipriano critica essa orientação, socorrendo-se de uma regra fundamental em investigação criminal: “Não há teses inabaláveis, a não ser que a prova seja seguríssima”, o que, na opinião desta jurista, não aconteceu.
“É normal que, no caso do desaparecimento de uma criança, os primeiros suspeitos sejam os pais, eles são sempre investigados. Mas assentar toda uma investigação numa determinada ideia pré-concebida, que não tem prova que sustente essa tese é, no mínimo, irresponsável”, critica.
Erros da PJ? “Temos de penitenciar-nos”
Questionada pela Renascença sobre eventuais riscos para a reputação da PJ, caso as novas buscas venham a confirmar erros na investigação inicial, Patrícia Cipriano diz não acreditar em “atestados de incompetência” por parte das homólogas alemã e britânica e lembra que a polícia portuguesa já mereceu elogios pela forma como já atuou em casos com contornos semelhantes.
“Na Comunicação Social acredito que sim”, acrescenta.
No entanto, a presidente da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas defende que a Judiciária poderá ter de “justificar as suas falhas, se elas realmente tiverem existido”.
“Temos de penitenciar-nos. É a única coisa digna a fazer, para que não volte a acontecer”, conclui.