O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira justificou, esta quarta-feira, o acordo com o PSD para governar a autarquia com a necessidade de criar estabilidade.
No discurso da sua tomada de posse para o último mandato como autarca da Invicta, o independente aludiu ao momento atual em que se manifestam as dificuldades para um acordo que permita a viabilização do Orçamento do Estado.
“Uma estabilidade, nunca é demais reforçar, que é fiel à vontade expressa pelo povo do Porto e que em muito se deve ao sentido de responsabilidade do Presidente da Concelhia do PSD – Porto, Miguel Seabra, e ao cabeça de lista do PSD, o vereador Vladimiro Feliz. E não ponham em causa os méritos e as vantagens das soluções de governabilidade: vejam o que se passa hoje no país”, disse Moreira, que sublinhou, ainda, o facto de os independentes já serem a terceira força política autárquica.
Foi esse o pretexto para regressar à criação de uma Federação dos Movimentos Independentes, que foi um dos temas de campanha.
Rui Moreira diz-se disponível para ajudar a concretizar a ideia, mas recusa liderar o processo para estar “ligado e comprometido com o Porto”.
“É urgente, para o bem da democracia – que se quer esclarecida, que promova a participação efetiva dos cidadãos e assegure a igualdade de voto – que devemos promover a federação dos milhares de cidadãos que continuam a acreditar nos candidatos independentes. E avanço, desde já, poupando-me a explicações e interpretações excessivas, que manifesto total disponibilidade para ajudar a a dar corpo a esta ideia que tem as suas fundações na AMAI - Associação Nacional dos Movimentos Autárquicos Independentes, mas recuso qualquer cenário de liderança”, declarou.
A indireta ao caso Selminho
No discurso que durou cerca de meia hora, Moreira citou a grande maioria dos escritores do Porto e não deixou de fazer uma alusão indireta ao caso da campanha, que vai acompanhá-lo neste início de mandato.
“Muitos de nós temos bem presente os rios de tinta que os jornais investiram a dar conta dos múltiplos casos e casinhos de protestos, insatisfações, acordos e descordos da nossa contemporaneidade. Muitos de vós, aqui hoje presentes, ainda se recordam, por exemplo, do escandalizado debate à volta do Cubo da Ribeira da autoria do saudoso mestre José Rodrigues; da zanga à volta da requalificação dos Aliados do genial arquitecto Siza Vieira; ou ainda das recentes polémicas que animaram a campanha eleitoral (e vão continuar a animar...). Esta incansável característica do Porto de tudo criticar é, para mim, uma das suas mais apaixonantes virtudes. Uma autêntica gritaria pública que nós, autarcas, temos de saber estimular e participar”, sublinhou.
Concluir o que a pandemia não deixou
No plano das prioridades para o mandato, Rui Moreira reafirmou, de forma clara, aquilo que pretende fazer: “quero concluir os projetos que a pandemia atrasou, como é o caso do Mercado do Bolhão, o Terminal Intermodal de Campanhã, a recuperação do Cinema Batalha, a extensão da Biblioteca, o projeto do antigo Matadouro como âncora da minha sempre e inequívoca prioridade: Campanhã, pois tenho a certeza de que esta zona da cidade tem condições únicas para ser uma alavanca de desenvolvimento para toda a cidade”.
E prometeu, ainda, transferir mais competências para as juntas de freguesia, garantindo que tentará ser positivo e agregador.
Na cerimónia de tomada de posse para o seu último mandato autárquico, Rui Moreira contou com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e do líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos.