O Patriarcado de Lisboa informou esta segunda-feira que “a investigação conduzida ao abrigo das normas canónicas em vigor, pela Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis” da diocese concluiu que o padre Mário Rui Pedras “tal como se declara no Relatório Final da Investigação Prévia, datado de 23 de novembro de 2023, ‘deve ser tido por inocente de tudo quanto lhe foi imputado e considerado para todos os efeitos como não tendo praticado os factos em causa’”.
Pároco de São Nicolau e de Santa Maria Madalena, na Baixa de Lisboa, o padre Mário Rui foi um dos quatro sacerdotes que o Patriarcado de Lisboa suspendeu do exercício do ministério, face a acusações de alegados abusos sexuais de menores, em março de 2023. Foi alvo de uma denúncia anónima feita à Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada por Pedro Strecht.
A 18 de junho do ano passado retomou as funções pastorais, depois da Investigação Prévia nada ter apurado, nem provado. O que o Patriarcado faz agora é o reconhecimento público da inocência do sacerdote, dando conta do arquivamento do processo canónico e reabilitando o seu nome.
“De facto, nada do que foi resultante da averiguação efetuada pode pôr em causa essa inocência”, adianta o comunicado enviado à Renascença, que lembra que esse reconhecimento de inocência tinha já sido "aludido no comunicado de 21 de junho de 2023” emitido pelo Patriarcado - nessa altura “sem identificação de nomes” -, sendo “reafirmado agora de forma pública e pessoalizada”.
A investigação “seguiu as normas da Santa Sé perfilhadas pela Conferência Episcopal Portuguesa. São normas exigentes e fruto da aprendizagem, sem recuo, que a Igreja tem feito ao longo das últimas décadas em matéria de abusos”, esclarece o Patriarcado, sublinhando que “a prioridade da preocupação pelas vítimas procura aí um equilíbrio com a necessidade de não acusar e, muito menos, condenar um inocente”.
O padre Mário Rui Pedras declarou-se sempre inocente. O Patriarcado lamenta, por isso, a situação por que passou.
“Lamentamos ter sido ferido na sua honra e reputação, dado que ‘a conclusão a que se chegou foi de que se não logrou apurar nenhum indício, de comportamentos dignos de censura’ (...),nomeadamente os imputados. Daí que o mesmo retomou de imediato a plenitude das suas funções pastorais sendo o processo arquivado’, como se lê no Relatório Final da Investigação Prévia”.
O comunicado não esclarece em que ponto se encontram as investigações relativamente aos restantes três sacerdotes.