Meio ano depois de o Governo ter determinado como obrigatória a formação para treinadores, da vertente de cães de raças potencialmente perigosas, apenas cinco treinadores foram certificados pela PSP e pela GNR. Os dados são da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.
A par da formação, a PSP avançou para o terreno com a “Operação Odeta”, que terminou no domingo, para verificar eventuais infrações e espalhar uma mensagem importante, explica o diretor do Gabinete de Relações Públicas da PSP.
“Temos que reconhecer que estes números [de treinadores] são baixos. Foi também um dos aspetos que nos levou a pensar e a executar esta ação. Não só a questão da publicitação da necessidade de haver mais treinadores, mas através deste contato direto com as pessoas, com aquelas pessoas que nós sabemos serem portadoras de cães, passar a mensagem”, diz Hugo Amaral.
João Pedro, treinador e responsável pela Escola de Treino Mania dos Cães, tem outra explicação para haver tão poucos candidatos.
“Não fiz o curso nem tenciono fazer porque não concordo com vários pontos que são abordados e a forma como são abordadas determinadas situações. Não estou de acordo que seja uma entidade que ainda utiliza métodos de treino que já estão ultrapassados”, argumenta João Pedro em declarações à Renascença.
Pedro Moleiro é um dos cinco treinadores certificados pela PSP, mas está contra a lei que obriga os donos de cães destas raças a ter a certificação. Diz que é uma lei dispendiosa e que os donos saem prejudicados.
“Ele vai gastar tempo, dinheiro, muito dinheiro, provavelmente, porque tem um cão difícil de treinar e vai continuar a andar com o cão à trela curta, a fazer o seguro para o cão, o cão vai ter que continuar a usar açaime. As coisas vão ficar na mesma. A pessoa que tem um cão perigoso vai gastar o seu tempo e dinheiro para quê?”, pergunta o treinador.
Pedro Moleiro considera que a atual situação “só vai fomentar mais ilegalidade porque as pessoas vão querer registar os cães perigosos como cães sem raça definida ou então como cães cruzadas de cães que não constem na lista de cães potencialmente perigosos”.
A lista de cães potencialmente perigosos inclui sete raças:
- fila brasileiro
- pitbull terrier
- douge argentino
- stordshire bull terrier
- terrier americano
- rotweiller
- tosa inu
Por agora, o intendente Hugo Amaral explica que a “Operação Odeta” teve como objetivo mais sensibilizar do que multar, mas houve quem não escapasse: 255 pessoas acabaram por ser multadas.
Animais não registados, falta de vacinas, cães passeados sem trela e, no caso dos potencialmente perigosos, sem os obrigatórios açaimes foram as principais irregularidades detetadas.
A "Operação Odeta", realizada pela PSP entre 29 de janeiro e 4 de fevereiro, e percorreu os principais centros urbanos do país.