A maioria absoluta do PS, a fazer amanhã um ano, foi construída nas eleições de janeiro de 2022, mas a interminável sucessão de episódios político/judiciais causaram uma enorme erosão no conforto que, em teoria, essa particular e rara circunstância facultaria à governação.
Nove meses de Governo, 13 demissões – 11 secretários de estado e dois ministros – lançam uma sombra sobre o legado inicial do exercício governativo onde, para além dos apoios sociais de emergência e a nomeação de Fernando Araújo para o SNS, pouco mais haverá a recordar.
A contestação social também está a crescer alimentada por uma inflação que já esteve próxima dos dois dígitos, e um sem número de problemas estruturais, de novo com máximo grau de exposição pública nas últimas semanas, como seja o dos professores, do SNS, a Justiça, a TAP ou a indecisão à volta do novo aeroporto.
No meio surgem as primeiras sondagens a sugerir a possível desagregação da maioria, há polémicas sobre um questionário de ‘idoneidade’ e sinais do que parece ser a dificuldade de recrutar quadros credíveis para o governo.
Por seu turno, o PR – mais ativo e consequente - continua a afastar qualquer demissão do governo, diz ser um ano decisivo para a aplicação dos fundos europeus, num pano de fundo em que a oposição, por enquanto, não é percepcionada como alternativa, apesar das primeiras sondagens positivas para a direita.
A maioria terá mudado, mas boa parte da direita (IL e PSD) terá razões (CHEGA) para não achar a aparente nova correlação de forças, por agora, convidativa. Assim, não há ainda sinais substantivos a antecipar surpresas ou mudanças de fundo.
A análise ao momento da maioria PS é de Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law, Nuno Botelho, presidente da ACP – Câmara de Comércio e Indústria e André Azevedo Alves, professor da UCP, a olharem também para a perceção dos diferentes graus de responsabilidades políticas e para o futuro de Pedro Nuno Santos no PS.