O bastonário da Ordem dos Psicólogos, Francisco Miranda Rodrigues, alerta que são precisos três vezes mais destes profissionais nos centros de saúde, para uma resposta capaz aos utentes.
Em entrevista à Renascença, Francisco Miranda Rodrigues diz que, atualmente, apenas um terço das necessidades estão garantidas.
"Há cerca de 300 psicólogos nos centros de saúde de todo o país", avança, apontando este número como "insuficiente, uma vez que não chega a um psicólogo, em média, por concelho".
"Para que seja possível dar uma resposta minimamente razoável, no âmbito da prevenção e da promoção da saúde, seriam precisos cerca de mil psicólogos", sentencia o bastonário.
"Fica, por isso, muito visível que é impossível, com estes recursos, dar resposta às necessidades, muito crescentes, das populações", sublinha Miranda Rodrigues.
O reduzido número de psicólogos nos centros de saúde "faz com que o tempo de espera para uma consulta seja muito longo, para além de que, muitas pessoas, sabendo dessas necessidades, nem sequer chegam a fazer parte dessas listas de espera e, variadas vezes, o médico de família opta por outras estratégias que não passam pela referenciação para o psicólogo".
Na semana em que a Ordem dos Psicólogos lançou o livro "Cuidados de Saúde Primários", o bastonário Francisco Miranda Rodrigues lembra que o trabalho destes profissionais nos centros de saúde é "importantíssimo para evitar a necessidade destas pessoas sofrerem durante tanto tempo e necessitarem, mais tarde, de cuidados muito mais especializados ou de incorrerem em situações mais graves de saúde", com "mais custos" e colocando em risco "a sustentabilidade do próprio Serviço Nacional de Saúde".