O Papa pediu aos comunicadores em geral que tenham a “coragem” de rejeitar as falsas notícias que continuam a marcar a atualidade. “Numa época em que se revela cada vez mais sofisticada a falsificação, atingindo níveis exponenciais (o deepfake), precisamos de sabedoria para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas”, escreve Francisco na mensagem para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, que este ano será assinalado a 24 de Maio.
“Frequentemente, nos ‘teares’ da comunicação, em vez de narrações construtivas, que solidificam os laços sociais e o tecido cultural, produzem-se histórias devastadoras e provocatórias, que corroem e rompem os fios frágeis da convivência. Quando se misturam informações não verificadas, repetem discursos banais e falsamente persuasivos, percutem com proclamações de ódio, está-se não a tecer a história humana, mas a despojar o homem da sua dignidade”, alerta ainda o Papa.
Intitulada “Para que possas contar e fixar na memória” (citação retirada do Livro do Êxodo), a mensagem desafia, assim, os media a darem espaço às “boas histórias”, que ajudem a edificar o homem e não a destruir.
“Temos necessidade duma narração humana, que nos fale de nós mesmos e da beleza que nos habita; uma narração que saiba olhar o mundo e os acontecimentos com ternura, conte a nossa participação num tecido vivo, revele o entrançado dos fios pelos quais estamos ligados uns aos outros”, escreve ainda o Papa, acrescentando que perante Deus, “não existem histórias humanas insignificantes ou pequenas”, e que “cada história humana tem uma dignidade que não pode ser eliminada, por isso a humanidade merece narrações que estejam à sua altura, àquela altura vertiginosa e fascinante a que Jesus a elevou”.
“Ninguém é mero figurante no palco do mundo; a história de cada um está aberta a possibilidades de mudança. Mesmo quando narramos o mal, podemos aprender a deixar o espaço à redenção; podemos reconhecer, no meio do mal, também o dinamismo do bem e dar-lhe espaço”, acrescenta o Papa.
A mensagem fala, ainda, da importância da “memória” e de recordar histórias inspiradoras, como as da Bíblia, as de alguns Santos, e vários textos da Igreja como “as Confissões de Agostinho, o Relato do Peregrino de Inácio, a História de uma alma de Teresinha do Menino Jesus, os Noivos prometidos (Promessi sposi) de Alexandre Manzoni, os Irmãos Karamazov de Fiódor Dostoevskij”, história que “têm representado admiravelmente o encontro entre a liberdade de Deus e a do homem”, e que “pedem para ser partilhadas, contadas, feitas viver em todos os tempos, com todas as linguagens, por todos os meios”.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi instituído pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963, e assinala-se sempre no domingo antes do Pentecostes, que este ano será a 24 de maio. A mensagem do Papa para este dia é sempre divulgada a 24 de janeiro, dia de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas.