O ministro da Defesa, Nuno Melo, revelou esta quarta-feira, no parlamento, que o governo socialista mentiu à NATO sobre a verba que Portugal gastou na defesa em 2023.
“Lamento imenso ter de comunicar aos deputados e ao país que o valor que foi reportado pelo partido socialista à NATO de 1,48 por cento de investimento na Defesa não é verdadeiro”, disse Nuno Melo.
“Acabamos de saber que, afinal, o número é de 1,34 por cento e estamos a falar de menos 300 milhões de euros de investimento na defesa em 2023”, referiu o ministro em resposta à deputada social-democrata Liliana Reis.
O ministro da Defesa avisou os deputados que, perante este “buraco de 300 milhões de euros”, vai ser necessário um esforço acrescido para cumprir a meta de investimento em defesa de 2 por cento do PIB em 2029.
“Nós estamos a falar de menos 300 milhões de euros de investimento na defesa em 2023, o que significa que aquilo que teremos de crescer até 2029 terá também de implicar estes reforços orçamentais para compensarem um buraco de 300 milhões de euros” alertou Nuno Melo.
Nuno Melo diz que essa verba daria para comprar 32 helicópteros ou 43 novas aeronaves e é muito superior à ajuda à Ucrânia.
“O programa de helicópteros, que eu gosto de chamar Cavalaria do Ar, é de 40 milhões de euros. São 4 helicópteros para o Exército, daria para comprar 32 e no caso das aeronaves seriam 43."
“Estamos a falar de um valor muito superior a toda a ajuda à Ucrânia decidia por este governo para 2024 que é de 221 milhões de euros”, acrescentou Melo.
O deputado do partido socialista Luís Dias contestou esta acusação do ministro pedindo a Nuno Melo para apresentar os dados, dizendo que esta redução estaria relacionada com a revisão do PIB que “obviamente afeta e tem consequência nos valores das execuções”.
“Quem me dera assim fosse, lamentavelmente assim não é” respondeu o ministro, que deu como exemplo “o princípio de onerosidade dos edifícios operacionais das Forças Armadas que não foi liquidado em 2023 e só chegou em 2024”.
"Estamos a falar de 87 milhões de euros de receitas próprias da Lei de Programação Militar, estamos a falar de tudo o que os senhores deveriam ter feito mas não fizeram e, não tendo feito, infelizmente resultou nisso, em 300 milhões de euros de diferença que agora teremos de comunicar à NATO", disse Nuno Melo.