Há mais 12 casos de sarampo em investigação em Portugal. Desde 11 de janeiro foram confirmados nove, a esmagadora maioria importados (há dois de origem desconhecida), que deram origem a dezenas de suspeitas, sobretudo, de pessoas que estiveram em contacto com os doentes.
A coordenadora do Programa Nacional de Vacinação da DGS, Teresa Fernandes, diz à Renascença que não há motivos para alarme, mas é preciso manter a atenção.
“Temos tido muitas suspeitas. Já tivemos 73 casos em investigação, dos quais nove foram confirmados. Portanto, não é razão para alarme, é razão para todos os profissionais de saúde estarem alerta para sintomas de sarampo, porque o risco de importação é muito grande neste momento."
Ainda se aguardam os resultados de 12 destes 73 casos, “todos relacionados com os nove casos que foram confirmados”, já que quando há um diagnóstico “ todos os contatos à volta são investigados e, por vezes, são detetados casos secundários”.
Nove casos de sarampo num mês não é considerado um número preocupante, segundo Teresa Fernandes, porque Portugal tem uma taxa confortável de imunização de grupo, seja pelo contacto com a doença (para quem nasceu antes de 1970) ou pela vacinação.
“É natural que surjam casos de pessoas não vacinadas, que não estão protegidas, e que possam entrar no nosso país com sarampo, mas a maior parte dos contatos são negativos, justamente, por causa da imunização de grupo”, indica, acrescentando: "Se fosse para haver um surto de grandes dimensões, já teria havido, porque o sarampo é das doenças transmissíveis mais contagiosas."
Em Portugal, a chamada hesitação vacinal ainda não é motivo de preocupação, explica a coordenadora do PNV, mas já há adeptos dessa corrente, verificando-se também que “as pessoas ficam menos cuidadosas e vão atrasando a vacinação com a idade - a sua e a dos filhos".
"Vemos que entre os dois e os três meses, os bebés são vacinados atempadamente, mas, depois, aos 12 meses, já se demora um bocadinho mais a ir à vacinação e a atingir o limiar dos 95% que nós recomendamos. E, depois, há, de facto, grupos de pessoas que rejeitam uma outra vacina ou que rejeitam as vacinas todas, mas em Portugal, felizmente, são grupos muito pontuais que não influenciam as coberturas vacinais”, afirma Teresa Fernandes.
"Temos coberturas de 98%-99% no primeiro ano de vida. No segundo ano de vida, continuamos com os 98%-97% . Aos cinco/seis anos atingem os 95% e mesmo nos adultos temos coberturas - contra tétano e difteria - de mais de 80%”, enumera a responsável.
Ainda assim a Direção Geral da Saúde tem em curso estudos sobre a hesitação vacinal e também junto das populações migrantes porque é preciso “caracterizar quem faz parte desses grupos para desenvolver estratégias para chegar até eles".