Há cada vez mais portugueses, principalmente os mais jovens, a trocar dinheiro real por criptomoedas atraídos pela perspetiva de lucros fáceis. No entanto, este é um mundo volátil e com riscos, alerta o economista João Duque.
A Renascença foi ouvir os dois lados da moeda. Luís, de 30 anos, investigador em física, começou a viajar pelo mundo das moedas virtuais há dois anos.
“Eu comecei a investir em finais de 2019 com cerca de 100/200 euros e, depois, quando apareceu a Covid, reforcei com mais 250 euros. Passado uns cinco/seis meses de ter as criptomoedas e de terem subido bastante, mudei de plataforma e comecei a fazer vendas e compras constantemente e a partir dai os lucros dispararam”, descreve.
Há milhares de criptomoedas a circular no mercado e as vantagens são muitas. Enviar qualquer quantia de dinheiro é uma questão de minutos, mesmo que seja para qualquer parte do mundo. O custo de fazer uma transferência é de cêntimos ou gratuito. E há outra vantagem que chama particularmente à atenção: as moedas virtuais não são emitidas por nenhum banco central ou governo, o que significa que a sua valorização não é controlada.
Mas esta falta de regras é também um dos pontos fracos deste mundo.
“Estes ativos são caracterizados, exatamente, por uma excessiva volatilidade e isso nota-se pelas alterações de preço muito significativas em muitos curtos espaços de tempo, quer para subidas, quer para descidas. Essa instabilidade enorme torna o investimento de elevadíssimo risco”, explica João Duque, economista do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).
Outro problema das criptomoedas é que os investidores estão por sua conta. Em caso de desvalorização dos ativos virtuais, o investidor não está protegido, não tem direito a qualquer reembolso.
“Uma mercearia em Portugal é mais regulada do que estas entidades. Sabemos que a ASAE tem um poder para fiscalizar, para saber se os bens estão adequadamente confecionados, acondicionados. Aqui não há nada: nem se sabe quem são os donos destas entidades, não se sabe onde estão, não se sabe absolutamente nada. É um salto absolutamente no escuro”, alerta João Duque.