O Presidente libanês, Michel Aoun, pediu este domingo que o Líbano seja declarado um "Estado laico" como solução para a "crise sem precedentes" que o país atravessa, uma situação agravada pela explosão de 4 de agosto no porto de Beirute, que provocaram mais de 180 mortos e dezenas de milhares de feridos.
"Como estou convencido de que só um Estado laico é capaz de proteger o pluralismo, de o preservar e transformar em unidade, peço que o Líbano seja declarado Estado laico", declarou num discurso por ocasião do centenário do Líbano.
Aoun comprometeu-se a "apelar ao diálogo entre as autoridades religiosas e os líderes políticos, para se chegar a uma fórmula aceite por todos e que possa ser implementada através das emendas constitucionais apropriadas".
O Líbano enfrenta atualmente uma das piores crises da sua história, uma situação que foi agravada no início do mês depois de 2.750 toneladas de nitrato de amónio terem explodido no porto de Beirute, causando mais de 180 mortos, quase seis mil feridos e perto de 300 mil desalojados.
Entre 1975 e 1990, o Líbano viveu uma guerra civil que terminou com um acordo de partilha de poder no Governo entre as 18 comunidades religiosas presentes no país.
Desde então, a distribuição de lugares no parlamento dificultou a formação de governos e a tomada de decisões para se chegar a acordos.
O chefe de Estado reconheceu que "a juventude libanesa tem pedido uma mudança" e acrescentou que "chegou o momento" de mudar o sistema político.
O discurso de Aoun foi feito um dia antes do início das consultas parlamentares para nomear um novo primeiro-ministro, após a demissão do governo seis dias depois da devastadora explosão de Beirute.
Também se espera que na segunda-feira à noite chegue a Beirute o presidente francês, pela segunda vez em menos de um mês. Emmanuel Macron tem insistido na necessidade de reformas no Líbano.