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A poucas horas de mais uma reunião do Infarmed entre políticos e epidemiologistas, o pneumologista Filipe Froes defende, em declarações à Renascença, que a redução do número de novos casos a que se tem assistido não deverá significar um alívio das medidas de restrição em vigor.
Para este especialista, que integra o gabinete de crise da Ordem dos Médicos que acompanha a evolução da pandemia em Portugal, o risco de desconfinar nesta fase é grande e tal medida poderia traduzir-se num num "retrocesso com implicações tão ou mais graves do que aquelas que acabamos de viver".
"Não há nenhum contexto clínico nem epidemiológico que o possa justificar, pelo menos, nos próximos 15 dias", diz.
Sobre a vacinação, Filipe Froes considera que a prioridade deve ser para o grupo que apresenta "maior risco de ter formas graves" da doença e que, por isso, podem representar "uma sobrecarga maior para o Serviço Nacional de Saúde".
O que podemos esperar da reunião desta terça-feira no Infarmed, com especialistas e políticos?
Não sei o que se pode esperar e o que vai ser decidido. Mas eu vejo estes números com muita preocupação e muita prudência.
Neste momento, começamos a assistir a uma diminuição de novos casos, mas aliviar qualquer medida, neste momento, pode ser um retrocesso com implicações tão ou mais graves do que aquelas que acabámos de viver.
Portanto, a minha recomendação é a maior prudência e continuar no confinamento, com todas as medidas, para bem de todos e para bem da saúde de todos os portugueses.
Portanto, defende que o novo estado de emergência, que deverá entrar em vigor na próxima semana, não deve ter nenhum alívio.
Nenhuma medida deve ser aliviada neste momento, não há contexto clínico nem epidemiológico que o possa justificar, pelo menos, nos próximos 15 dias.
O plano de vacinação vai ser um dos pontos abordados nesta reunião. É necessária uma avaliação mais profunda para que o processo comece a ser mais rápido?
Nós temos que analisar o plano de vacinação, a meu ver, em duas vertentes: não nos basta saber o número de vacinas administradas, temos que saber a quem são administradas, nomeadamente em quem tem maior risco de ter formas graves.
Entendo que, quando entrarmos no desconfinamento, que deve ser faseado, um dos critérios essenciais a ter em conta é, precisamente, a taxa de cobertura vacinal nos grupos mais afetados, prioritários e com maior risco de condicionarem morbilidade/mortalidade e sobrecarga no Serviço Nacional de Saúde.
Fala-se muito que o desconfinamento também deve ser acompanhado de testagem. Concorda?
É evidente que o desconfinamento faseado deve ser acompanhado de várias medidas, além da caracterização a nível local e regional da incidência.
Eu incluía, também, a cobertura vacinal dos grupos prioritários - indiscutivelmente, só podemos vacinar se tivermos capacidade de diagnóstico rápido e na quantidade necessária para termos segurança -, rastreio das populações de risco, adesão maciça às medidas de prevenção e uniformização acelerada de todos os procedimentos à escala nacional.