O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "vai fazer telefonemas" e espera que nos próximos dia seja possível avanços no diferendo entre Ministério da Saúde e médicos, numa altura em que vários hospitais estão a funcionar com constrangimentos.
“A minha expectativa é que ao longo dos próximos dias, esta semana e na próxima semana, seja possível encontrar nesse diálogo pontos positivos. Espero acreditar nisso. Logo à noite, depois do jantar, voltarei a fazer telefonemas”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, aos jornalistas, à margem do encontro do Grupo de Arraiolos, que decorre no Porto.
O Presidente da República considera que a "situação é complexa", mas acredita num acordo porque o diálogo continua.
"Penso que há uma clara noção da parte de todos da importância de não sacrificar os portugueses", sublinha o chefe de Estado.
O Presidente da República confessa estar preocupado e diz que a situação pode ser “particularmente crítica até ao fim do ano”.
“Se não estivesse preocupado não estava no meio de uma reunião internacional sempre a acompanhar a situação na Saúde em Portugal. É uma situação particularmente crítica até ao fim do ano. Depois, a partir de janeiro, coloca-se de novo a questão em termos da contagem e pagamento das horas extraordinárias dos médicos.”
Num dia marcado por uma greve de professores, o chefe de Estado avançou ainda que, se possível entre hoje ou amanhã, vai voltar a informar-se sobre a situação dos professores.
O Presidente da República encerra esta sexta-feira o encontro do Grupo de Arraiolos, no Porto. Um encontro marcado pela discussão sobre a guerra na Ucrânia onde, apesar de ter existido unanimidade no apoio a Kiev, houve divergências sobre o método de entrada do país na União Europeia
O Grupo de Arraiolos volta a encontrar-se no próximo ano, a 10 e 11 de outubro, em Cracóvia, na Polónia.
Reuniões no fim de semana
A Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai reunir-se no sábado com administrações de hospitais de várias regiões do país, numa altura em que os médicos recusam fazer mais horas extraordinárias. A informação foi avançada à Renascença pela entidade liderada por Fernando Araújo.
Em declarações à Renascença, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), Xavier Barreto, diz que o objetivo das reuniões é melhorar a "coordenação entre os diferentes hospitais" para acautelar as "dificuldades que vão ter nos próximos dias".
Xavier Barreto espera que seja possível "acelerar a negociação com os sindicatos médicos para chegar muito rapidamente a um consenso entre as partes, que permita resolver o problema pelo menos até ao final do ano".
A reunião entre administradores hospitalares e a Direção Executiva do SNS é conhecida no dia em que o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, anunciou que vai deixar de receber doentes "sem razões clínicas" no Serviço de Urgência, mas vai continuar a receber doentes "urgentes e emergentes" encaminhados por outros hospitais ou pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).
O diretor do Serviço de Urgência Central do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, João Gouveia, declarou, em conferência de imprensa, que "todos os doentes de outros hospitais, de outras áreas, que não venham referenciados de outros hospitais ou do CODU, não vão ser atendidos neste hospital, porque nós não temos capacidade para conseguir garantir que os doentes que necessitam de nós vão ser atendidos".