Apesar das expectativas do mercado, o Banco Central Europeu (BCE) voltou a subir esta quinta-feira as taxas de juro, um aumento de 25 pontos base, para 4,50%. No entanto, abre a porta à manutenção dos juros nos próximos meses, ao invés de novos aumentos.
Esta é a décima subida consecutiva dos juros, desde que o BCE iniciou este ataque à inflação, em julho de 2022. Desde então, as taxas de juro já aumentaram 450 pontos base.
Hoje as três taxas de juro de referência aumentaram 0,25%, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito, ficam em 4,50%, 4,75% e 4,00%, respetivamente.
A autoridade monetária justifica o aumento com a inflação, que apesar de continuar a descer, “ainda se espera que permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo”. O BCE reviu em alta a inflação e em baixa o crescimento das economias do euro.
A nota divulgada no final da reunião dos governadores sublinha que “o Conselho do BCE está determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%”, por isso, “decidiu hoje aumentar as três taxas de juro diretoras em 25 pontos base”.
Inflação revista em alta, crescimento em baixa
A decisão de hoje tem em conta “os dados económicos e financeiros disponíveis, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária”.
Este aumento dos juros também já inclui as projeções macroeconómicas de setembro para a área do euro dos especialistas do BCE, que apontam para “uma inflação média de 5,6% em 2023, 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025, o que representa uma revisão em alta para 2023 e 2024 e uma revisão em baixa relativamente a 2025”, diz o comunicado do BCE.
A puxar os preços para cima este ano e no próximo estão os produtos energéticos. “As pressões subjacentes sobre os preços permanecem altas, embora a maioria dos indicadores tenha começado a abrandar”, defende o organismo presidido por Christine Lagarde.
O BCE acrescenta ainda que “as condições de financiamento tornaram-se mais restritivas e estão a refrear cada vez mais a procura, o que constitui um importante fator para fazer a inflação regressar ao objetivo”.
A maior restritividade da economia tem impacto na procura interna e enfraquece o comércio internacional. Em consequência os especialistas do BCE “reduziram significativamente as projeções para o crescimento económico”, apontam agora para uma expansão de 0,7% em 2023, 1,0% em 2024 e 1,5% em 2025.
"Pico" dos juros?
“Com base na sua atual avaliação, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro diretoras atingiram os níveis que – se forem mantidos durante um período suficientemente longo – darão um contributo substancial para o retorno atempado da inflação ao objetivo”.
Fica assim aberta a porta à manutenção das taxas de juro, ou a uma chamada pausa, que poderá ser prolongada.
A autoridade monetária volta ainda a insistir que “as decisões do Conselho do BCE sobre as taxas de juro continuarão a basear-se na avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária.”
A taxa de depósito e a de financiamento são as mais altas da história da Zona Euro e a taxa de cedência de liquidez é a mais alta desde julho de 2008.
[atualizado às 13h42]