A Câmara de Pedrógão Grande aprovou esta quinta-feira uma moção em que exige saber o "que não correu bem" durante o incêndio que deflagrou no concelho e que causou a morte de 64 pessoas.
O documento considera “fundamental” fazer-se um "balanço do que não correu bem” para que no “futuro se possa fazer a prevenção possível e evitar tragédias, grandes ou pequenas".
Antes da aprovação da moção, o presidente e os vereadores da câmara cumpriram um minuto de silêncio em memória das vítimas do incêndio, “pedroguenses ou não”.
O executivo da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, expressou "profunda consternação” pela quantidade de território destruído no concelho, há quase duas semanas.
Valdemar Alves agradeceu também a ajuda dada por todos os bombeiros, pessoas, instituições e membros do Governo ou do poder local e central. “A enorme onda de solidariedade nacional tem demonstrado que os portugueses são um povo que honra as suas gentes", referiu o executivo municipal.
Em relação ao pós-incêndio, Valdemar Alves admitiu que está a “chegar a hora" de planear o “futuro do concelho”. A palavra de ordem será "replantar, reconstruir habitações, repor alfaias e levantar empresas e postos de trabalho”, para que muitas das vidas suspensas sejam de “novo trazidas à vida”, afirmou o executivo da câmara.
De acordo com a moção, “dar vida” ao concelho terá de ser um trabalho "pensado e planeado”, mas também “rápido para que a vida se reponha e a economia se relance".
As questões dos munícipes foram ouvidas no período destinado ao público. Foram colocadas dúvidas sobre as consequências do incêndio, designadamente no acesso às povoações, na destruição de propriedades urbanas e rústicas, nas comunicações e operações de socorro durante o fogo, sobretudo no primeiro.
A ex-emigrante Amélia Simões e o deputado municipal Fernando Antunes quiseram ser esclarecidos sobre o funcionamento do Centro de Saúde, no dia 17 de Junho. Valdemar Alves respondeu que viabilizou o seu funcionamento durante a noite do dia 17, após ter feito diligências junto do director executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Interior Norte, Avelino Pedroso.
Os incêndios da região Centro deflagraram em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e em Góis, no distrito de Coimbra, no dia 17 de Junho. Só passado uma semana foram dados como extintos. No total, provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas. Mais de 53 mil hectares de floresta foram consumidos, área correspondente a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna.
Relativamente às vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 pessoas morreram na Estrada Nacional 236-1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, a tentar fugir das chamas.
O fogo em Pedrógão Grande chegou também aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra. O incêndio em Góis atingiu ainda Arganil e Pampilhosa da Serra. Não fez vítimas mortais.