A Comissão Europeia aprovou a compra do Banif pelo Santander Totta. O anúncio foi feito nesta sexta-feira pela Direcção-Geral da Concorrência.
"A transacção proposta não implica qualquer preocupação a nível de concorrência, já que a sobreposição entre as actividades do Banif e Santander Totta é limitada a nível nacional", lê-se no fundamento da decisão.
Em Dezembro do ano passado, o Santander comprou o Banif por 150 milhões de euros. A solução, anunciada na altura por António Costa, envolveu assim um apoio público total de 2.225 milhões de euros. Os activos problemáticos do Banif, como o imobiliário avaliado em cerca de 2.000 milhões de euros, ficaram fora do negócio.
Na corrida ao Banif estiveram seis instituições, cujas propostas foram analisadas pelo Governo, Banco de Portugal e gestão do Banif. Além do Santander, na lista estavam o banco Popular e mais quatro fundos: o norte-americano Apollo (dono da Tranquilidade), o J.C. Flower (ligado a um fundador do Goldman Sach), e um fundo sino-americano, representado pelo Haitong Bank ) e um outro, desconhecido.
O Santander, que vai pagar 150 milhões de euros por 4% do sistema bancário nacional, foi desde o primeiro minuto a opção preferida do Banco de Portugal. Mas para aceitar o banco fez elevadas exigências às autoridades.
A 31 de Dezembro de 2012 o Banif foi intervencionado com uma recapitalização de 1.100 milhões de euros com recurso a meios públicos. A instituição passou então para a esfera estatal com uma injecção de 700 milhões de euros e 400 milhões por empréstimo obrigacionista de Cocos (obrigações convertíveis em acções mediante determinadas condições), dos quais 275 milhões foram entretanto já devolvidos. O banco estava desde Dezembro de 2014 em situação de incumprimento com o Estado português sem pagar os 125 milhões de euros que deveria ter liquidado nessa data.
A partir desse momento a Direcção-Geral da Concorrência Europeia (que avalia as ajudas estatais) exigia um desfecho para o banco que garantisse o pagamento da dívida ao Tesouro. A DGCOM nunca concordou com o plano de recapitalização do Banif. E em Dezembro de 2012 chegou a defender a liquidação.