Pior do que uma liderança fragilizada é o PS discutir a sua situação interna a poucos meses das eleições presidenciais. É a opinião do socialista João Proença, que antecipou à Renascença algumas das ideias que vai defender esta terça-feira à noite na reunião da comissão política do PS.
O ex-presidente da UGT considera que o partido vai ter de encontrar um líder que una o partido, mas o momento – próximo das eleições presidenciais – exige alguma contenção.
“O ‘timing’ exacto depende um pouco das eleições presidenciais. Eu acho que é fundamental não perturbar o curso normal das eleições. É evidente que uma liderança um pouco fragilizada é negativo, mas muito mais negativo é o PS estar a debater assuntos internos no momento em que se debate a Presidência da República”, diz à Renascença.
“O que me parece fundamental é que do congresso saia um líder que se comprometa claramente a unir o PS e não a dividi-lo”, acrescenta.
João Proença acusa a actual direcção de não ter sido capaz de unir o PS.
“A actual liderança, apesar de se ter comprometido e considerar que estava em melhores condições para promover a unidade no partido, ignorou completamente esse compromisso. E, na prática, foi um factor de divisão e de exclusão”, atira.
João Proença autoexclui-se da luta pela liderança e admite que Álvaro Beleza e Francisco Assis são dois nomes que “merecem inteira confiança”.
À Renascença, Beleza admitiu avançar se não houver melhores opções – nomeadamente Francisco Assis, um dos “melhores quadros” do PS, um potencial “grande líder” do partido – disponíveis entre os socialistas.
O ex-líder da UGT considera quase impossível um entendimento do PS com os partidos à sua esquerda.
“PS e Bloco de Esquerda não têm maioria face à coligação Portugal à Frente e, quanto a mim, uma coligação com o Partido Comunista seria coligação antinatura.”