A campanha da primeira volta das eleições presidenciais em França, no próximo Domingo, trouxe alguns factos curiosos ou até insólitos.
A surpreendente subida do candidato Mélenchon, de extrema-esquerda, já na fase final da campanha, é um desses factos. A subida de Mélenchon foi devida, em boa parte, à descida do candidato oficial do partido socialista francês, Hammon, que até se situa à esquerda. O futuro próximo deste partido está, assim, ameaçado – como acontece com outros partidos sociais-democratas europeus.
Outro caso surpreendente é o de Fillon, candidato da direita conservadora. Fillon era considerado o provável oponente de Marine Le Pen numa segunda volta. Mas a sua imagem de pessoa séria e fiável ficou abalada por acusações de ter pago à mulher e a dois filhos dinheiro público por serviços de apoio ao seu cargo de deputado, serviços de cuja existência se duvida. Fillon disse que, caso fosse constituído arguido, abandonaria a corrida à presidência. Ora falhou a promessa: foi arguido e continuou candidato. Entretanto surgiram outras acusações de ter recebido presentes, como fatos de qualidade.
Fillon parecia liquidado politicamente, mas nas últimas semanas recuperou nas sondagens, não estando excluído que passe à segunda volta. Esta é a surpresa.
Os dois candidatos melhor colocados para disputarem a segunda volta, a 7 de Maio, são – aparentemente… - Marine Le Pen e E. Macron. Só que ainda é elevado o número de indecisos e de prováveis abstencionistas. Nada está garantido.
Se o centrista Macron ganhar a presidência enfrentará um problema: não tem partido para apoiar na Assembleia Nacional francesa as suas futuras decisões. Talvez venha a ter, pois haverá eleições legislativas em Junho. Mas é um tempo muito curto. Quanto a Le Pen, não houve surpresas; a sua eleição seria dramática para a França e para a integração europeia.