A líder de Myanmar, Aung San Suu Kyi, esteve esta quarta-feira no Tribunal Penal Internacional para defender o seu país de uma acusação de genocídio apresentada pela Gâmbia.
A acusação diz respeito ao conflito no estado de Rakhine, de onde fugiram mais de 700 mil civis muçulmanos de etnia rohingya, tendo morrido milhares de pessoas às mãos dos militares.
Falando no tribunal Suu Kyi, que já venceu o Nobel da Paz e é atualmente conselheira de Estado, cargo equivalente a primeiro-ministro, disse que o conflito era complicado de entender e justificou, de forma geral, as ações dos militares.
“A Gâmbia apresentou uma imagem incompleta e enganadora da situação no Estado de Rakhine, no Myanmar”, disse Aung Suu Kyi, utilizando o nome do país que o regime prefere.
A líder política afirma que a situação na região “é complexa e difícil de compreender”.
Aung Suu Kyi recordou que os militares enfrentavam uma guerrilha terrorista e que embora possa ter havido casos de uso excessivo da força, no geral os soldados tinham agido de forma apropriada.
A Gâmbia argumenta que tem o dever, ao abrigo da convenção dos Direitos Humanos, de evitar um genocídio em Myanmar (antiga Birmânia). Nesta ação conta com o apoio político dos 57 países da Organização de Cooperação Islâmica, bem como do Canadá e da Holanda.
Não é fácil provar uma situação de genocídio. Desde que o crime ganhou peso no Direito Internacional, depois da Segunda Guerra Mundial, apenas três casos foram dados como provados: No Camboja, nos anos 70, no Ruanda em 1994 e na Bósnia em 1995.