As forças de segurança de Myanmar mataram, este sábado, sete pessoas que participavam em protestos em várias cidades do país contra o golpe militar do passado dia 1 de fevereiro, noticia a AP.
Quatro das mortes foram registadas em Mandalay, a segunda maior cidade do país. Duas em Pyay, no sul e outra em Twante, subúrbio de Yangon, a maior cidade de Myanmar.
Várias fotografias e relatos publicados nas redes sociais corroboram os incidentes, com fotografias de algumas das vítimas alvejadas pela polícia e militares, que usaram fogo real na repressão das manifestações.
De acordo com a AP, o número de vítimas mortais deverá ser bastante maior, já que a polícia aparentemente apreendeu alguns dos corpos, e algumas das vítimas sofreram graves feridas de disparos com armas de fogo, que dificilmente serão curadas pelos médicos e enfermeiros das clínicas improvisadas para tratar os feridos dos protestos. Isto porque os hospitais oficiais estão ocupados por militares e são evitados pelos manifestantes.
Segundo o portal do canal de televisão DVB, as forças de segurança dispersaram um protesto em Mandalay utilizando fogo real. Além de terem causado três mortes, feriram pelo menos 15 pessoas, incluindo monges budistas que participaram na manifestação.
As mortes ocorreram durante uma nova jornada de protestos massivos por todo o país contra o golpe de estado militar do passado 1 de fevereiro. A noite anterior já fora trágica em Rangum, a cidade mais povoada, com pelo menos dois manifestantes mortos.
Depois destes conflitos noturnos, o movimento de desobediência civil contra a Junta Militar tinha feito, este sábado, um apelo nas redes sociais para que se repetissem os protestos nas principais cidades do país.
A jornada de luta tem um valor simbólico para o movimento, ao coincidir com o aniversário da morte de um estudante, em 1988, pelos militares. Algo que provocou uma onda de protestos que foram reprimidos pelos militares, com mais de 3.000 mortos.
A Junta Militar, cuja repressão de manifestações pacíficas já causou pelo menos 70 mortos, também perseguiu os jornalistas e meios de comunicação que cobrem as manifestações, ordenando à polícia e aos soldados que disparem com munições reais.
Segundo a Associação para a Assistência de Presos Políticos (AAPP) em Myanamar, cerca de 40 jornalistas foram detidos desde o golpe de estado do passado 1 de fevereiro, entre um total de 2.045 detidos, dos quais 1.726 continuam sob custódia.
Os militares justificam o golpe por uma suposta fraude eleitoral nas eleições de novembro passado. O partido da líder deposta, Aung San Suu Kyi, venceu por larga margem, numas eleições que foram classificadas como legítimas pelos observadores internacionais.