A criação "Micro/Macro", do japonês Ryoji Ikeda, é uma espécie de viagem no tempo dentro de um cubo negro onde são projetadas imagens de tráfego digital, satélite, telescópio ou ADN e que abre ao público em Serralves no sábado.
"É uma viagem de 10 minutos e é uma viagem de 20 anos do trabalho do artista [Ryoji Ikeda]. Ao longo deste período ele desenvolveu e investigou várias áreas. Esteve no CERN [Organização Europeia para a Investigação Nuclear], esteve na NASA [Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço, dos Estados Unidos da América] e o resultado são estas imagens, processadas por computador", explicou à Lusa Paula Fernandes, da Fundação de Serralves, durante uma visita para a imprensa ao projeto "Micro/Macro".
"Micro/Macro" é uma caixa negra vazia e suspensa no "parterre" dos jardins localizados junto à Casa de Serralves e tem o interior revestido com uma alcatifa negra onde, ao longo de cerca de 10 minutos, se podem ver imagens processadas em computador projetadas num ecrã de alta-definição.
São projetadas imagens de tráfego digital, imagens de satélite, imagens do planeta Terra, imagens captadas por telescópio, imagens de ADN, sempre em conjugação com música composta também por Ikeda.
"[Ikeda] faz essa compilação e descreve como se fosse uma sinfonia, como se fosse uma composição", resumiu Paula Fernandes.
Ryoji Ikeda contou aos jornalistas, hoje no Porto, que a obra é "uma experiência inesquecível na vida".
"A finalidade da obra é fazer os espectadores mergulharem num absoluto extremo de escalas entre os limites bipolares através de sequências audiovisuais extremamente detalhadas. Será uma experiência bastante visceral, mas simultaneamente intelectual", lê-se no dossiê de imprensa entregue hoje aos jornalistas durante a visita à obra.
A intenção de Ikeda para criar o pavilhão temporário é proporcionar uma experiência "cinemática intensa, criando no pavilhão um ambiente imersivo que combina arquitetura, instalação e música, comparável ao de uma sinfonia".
Segundo Nuno Brandão Costa, arquiteto do Porto que materializou o projeto do pavilhão do artista japonês, a arquitetura teve a função de "criar um recinto para a instalação do artista acontecer".
"O meu papel foi materializar e encontrar o sítio em Serralves que fosse apropriado para criar a atmosfera pretendida pelo artista", explicou.
Esta obra pode ser vista no jardim de Serralves até setembro de 2023.