A Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, que terá em 2024 a cidade de Lisboa como convidada de honra, vai começar numa data simbólica para Portugal, a 25 de Abril, o dia em que se celebram 50 anos da Revolução dos Cravos.
Durante 19 dias, até 12 de maio, a feira, que esta terça-feira foi apresentada em Lisboa, espera receber mais de um milhão e 300 mil visitantes. Estão previstas cerca de 1.500 atividades culturais, com apresentações de livros, encontros com escritores, concertos e sessões de autógrafos.
Na apresentação, que decorreu esta terça-feira nos Paços do Concelho, em Lisboa, o presidente da Fundação El Libro, Alejandro Vaccaro explicou que esta é uma feira da “diversidade” e do “pluralismo”.
“Aceitamos todas as ideias políticas, religiões, e diferentes correntes de opinião. Temos só um limite que é o terrorismo de Estado”, frisou este que é também o presidente da Sociedade Argentina de Escritores. Numa feira onde o público “pode encontrar livros que não encontra nas livrarias”, Lisboa vai dar-se a conhecer.
Vaccaro fez questão de sublinhar que “Lisboa é a cidade convidada de honra, mas quando dizemos Lisboa, é mais do que Lisboa, é todo o Portugal”. Neste convite alargado à língua portuguesa, a Argentina quer conhecer a literatura da língua de Pessoa.
“O importante para nós continua a ser o texto”, explicou na conferência de imprensa o presidente da Fundação El Libro, acrescentando que não têm qualquer “preconceito quanto a formatos”, sejam eles dos tradicionais livros em papel, ou de formatos digitais.
Recorrendo às palavras do Nobel José Saramago, o diretor da feira, Ezequiel Martinez, lembrou que “o fim de uma viagem é apenas o começo de outra” e que “hoje, em Lisboa, começa a viagem para a Feira do Livro de Buenos Aires.
Aos jornalistas este responsável explicou que espera impulsionar as traduções de autores portugueses na Argentina e revelou que a ideia de convidar Lisboa surgiu também pelo facto de ter trabalhado com o escritor argentino Alberto Manguel, que transferiu para a capital portuguesa toda a sua biblioteca.
Portugal no feminino
Lisboa prepara a programação que vai levar a Buenos Aires e, numa representação que tem a direção de Rute Mendes, é Carla Quevedo quem tem a responsabilidade da curadoria literária.
Na sua intervenção, o autarca alfacinha, Carlos Moedas, apontou que Lisboa quer “marcar com a ideia da cidade aberta e da diversidade” e explicou que a delegação lisboeta pretende “dar visibilidade aos autores que não têm visibilidade e dar visibilidade às mulheres, sobretudo as mais jovens”.
Esta tónica no feminino pretende dar destaque, em especial, “às escritoras portuguesas que muitas vezes não são visíveis”, explicou aos jornalistas Carla Quevedo, que para já não quis avançar nomes.
Ainda estamos numa fase de elaboração da programação e seleção, mas a ideia é valorizar a escrita no feminino e sobretudo escritoras mais jovens”, afirmou, acrescentando, no entanto, que também darão atenção a escritoras, mulheres, mais consagradas.
A esta programação será também somado o nome de alguns escritores homens e programação de música e exposições. Questionada pela Renascença, sobre o pavilhão de Lisboa na feira, Carla Quevedo indicou que terá uma livraria de autores portugueses e será palco de conversas entre autores portugueses e argentinos.