Três dias depois de o primeiro-ministro ter revelado a escolha de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia, a antiga ministra das Finanças apontou as prioridades para o próximo mandato e defendeu que é necessário ter mais portugueses em posições de relevo na Comissão Europeia.
Maria Luís Albuquerque contou que, em 2021, candidatou-se a um cargo europeu, à presidência da ESMA, o supervisor europeu dos mercados de capitais. A antiga ministra das Finanças diz que, depois de várias etapas, ficaram apenas três candidatos, mas o seu nome foi recusado no Conselho Europeu e garante que não teve apoio político por parte do Governo de António Costa.
“O impasse arrastou-se por mais de seis meses, porque a Itália e a Alemanha tinham uma minoria de bloqueio ao outro candidato e, nestas circunstâncias, a solução seria o terceiro candidato, mas para isso é preciso ter apoio político e eu não tive”, revelou Maria Luís Albuquerque.
A candidata a comissária europeia defende que Portugal deve ter como prioridade apoiar portugueses em posições de maior relevo na Comissão Europeia. Maria Luís Albuquerque diz que é preciso pensar primeiro que é candidato de Portugal.
“É preciso fazer muito mais do que tem sido feito e pensar primeiro que é o candidato de Portugal e depois se pensar de todo se é do partido que calha a estar no governo. Primeiro é o candidato de Portugal”, rematou Maria Luis Albuquerque.
A antiga ministra das Finanças, que trouxe um discurso escrito, começou por dar conta das prioridades para a União Europeia, com destaque para as matérias económicas. A criação de um mercado de capitais, a união económica e monetária e a dupla tributação dos pequenos aforradores foram alguns dos pontos destacados.
Depois, no período das perguntas colocadas pelos alunos da Universidade de Verão do PSD, Maria Luís Albuquerque disse que tem preferência por uma pasta no colégio de comissários, mas não vai revelar qual.
Questionada sobre o momento da troika e se os portugueses reconheceram o esforço que foi feito, a antiga ministra responde com a vitória nas legislativas de 2015.
“O ano de 2012 foi o ano horribilis e os primeiros tempos foram os mais difíceis, mas eu diria que o país reconheceu Pedro Passos Coelho porque nós ganhamos as eleições de 2015”, respondeu Maria Luís Albuquerque.
Sobre as prioridades para a próxima Comissão Europeia, Maria Luís Albuquerque refere que, entre as áreas definidas pela presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, destaca a necessidade de preparar a Europa para antecipar crises e não apenas para reagir, e de incutir nos europeus que a união faz a força. Como exemplo falou nas medalhas que foram conquistadas nos últimos Jogos Olímpicos.
“Se contarmos os 27 Estados-membros, temos 309 medalhas olímpicas, mais do que os Estados Unidos e a China juntas”, disse a candidata a comissária europeia.