Os prejuízos provocados pelo mau tempo no Alentejo em dezembro passado ascendem a 67 milhões de euros, a quase totalidade verificada no distrito de Portalegre, revelou esta sexta-feira a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).
Em declarações à agência Lusa, o presidente da CCDR do Alentejo, António Ceia da Silva, indicou que o “relatório exaustivo” feito pela entidade apurou “um valor global de cerca de 67 milhões de euros de prejuízos” causados pelas intempéries.
O relatório incluiu “uma ou outra situação” na zona de Évora, em que foram contabilizados danos avaliados em “1,7 milhões de euros”, pelo que o restante, à volta de 65,3 milhões, diz respeito a Portalegre, disse.
Para o levantamento, segundo Ceia da Silva, foi recolhida informação em várias áreas, desde habitação, atividades económicas, equipamentos municipais, cultura, saúde, infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, ambiente, agricultura e proteção civil.
Este relatório já foi entregue ao Governo e, esta semana, foi apresentado e distribuído aos deputados da Comissão de Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local, durante uma audição com o presidente da CCDR do Alentejo.
“Apresentámos o trabalho em devido tempo e esperamos agora conseguir que aqueles que ficaram afetados, quer em termos públicos, quer em termos privados, por esta intempérie, que lamentamos, possam vir a ser ressarcidos das perdas”, frisou.
Ceia da Silva explicou que os danos ao nível de primeira habitação foram avaliados em 370 mil euros, os de segunda habitação situam-se nos 255 mil euros. Já em anexos, muros e garagens são de 693 mil euros e em outros bens totalizam 965 mil euros.
“Os prejuízos nas atividades económicas são cerca de 1,1 milhões de euros, nos equipamentos municipais são cerca de 12,6 milhões e nas infraestruturas municipais são cerca de 32,7 milhões de euros”, precisou.
O responsável referiu que foram apurados estragos no valor de cerca de dois milhões de euros na área do património cultural classificado do Alentejo, de 3,1 milhões no setor da agricultura e de 2,6 milhões no ambiente.
“Temos ainda as infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, a cargo da Infraestruturas de Portugal, com 9,2 milhões de euros” de prejuízos, a Proteção Civil, com 274 mil euros, a Saúde, com 59 mil, e a Segurança social, com mil euros”, acrescentou.
De acordo com o presidente da CCDR do Alentejo, um aviso de candidaturas a apoios do Estado para as atividades económicas com prejuízos causados pelo mau tempo “vai abrir muito em breve, dentro de dias”, e terá uma dotação de “800 mil euros”.
“É um aviso coordenado pela comissão de coordenação” e com “dinheiro do Orçamento do Estado”, que vai “permitir que as empresas que tenham sido afetadas possam candidatar-se com uma contrapartida de 70% desse valor”, salientou.
O distrito de Portalegre, além dos distritos de Lisboa, Setúbal, Santarém e Coimbra, foi uma das regiões mais afetadas pelo mau tempo que atingiu Portugal em meados do mês de dezembro de 2022.
Esses dias de temporal causaram inundações em habitações, estradas e espaços públicos, desalojados e prejuízos na agricultura, entre outros danos.