O antigo primeiro-ministro José Sócrates considera ilegal a "investigação secreta" feita antes da abertura do inquérito do processo da Operação Marquês, no qual é arguido.
Numa declaração escrita enviada à agência Lusa, José Sócrates considera que a "investigação secreta" -- designação usada na manchete do Expresso -- é ilegal.
"Acontece que investigações secretas são ilegais. Isso é próprio de serviços de informação, não de organismos decentes da administração penal", refere o ex-primeiro-ministro e arguido na Operação Marquês.
Segundo o Expresso, os dois processos administrativos, que revelam que foi a Caixa Geral de Depósitos a denunciar José Sócrates em abril de 2013, foram remetidos na íntegra no início deste mês pelo procurador Rosário Teixeira para o Tribunal Central de Instrução Criminal.
Ainda de acordo com o semanário, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) denunciou José Sócrates, em abril de 2013, "expondo um esquema" em que o antigo primeiro-ministro "recebeu de forma indireta", através da mãe, mais de meio milhão de euros do empresário da construção civil e obras públicas, Carlos Santos Silva.
Na declaração hoje enviada à Lusa, Sócrates diz que "a Caixa Geral de Depósitos sabia muito bem que as transferências" entre a conta da mãe e a sua "tinham na sua origem a venda" do andar daquela por 600 mil euros.
O processo Operação Marquês, cuja fase de instrução começa na segunda-feira, envolve 28 arguidos - 19 pessoas e nove empresas -, incluindo o ex-primeiro ministro José Sócrates, acusado de corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.