O reitor do santuário de Fátima defendeu nesta quinta-feira uma maior aposta da Igreja na comunicação. Na abertura das III Jornadas organizadas pelo Santuário de Fátima, o padre Carlos Cabecinhas lembrou que a comunicação é missão da Igreja.
Considerando que a Igreja “tem hoje de procurar ser significativa com os meios de que dispõe”, o sacerdote acredita que “um desafio permanente para a Igreja é perceber que a comunicação faz parte da sua missão”. “Não é algo com que nós tenhamos que lidar ‘a contragosto’, mas pelo contrário algo que a Igreja tem de abraçar plenamente como parte da sua missão como forma de a realizar”, acrescentou.
As jornadas marcam o centenário do jornal “Voz da Fátima”, que se assinala em 2022. O jornal testemunha a forma como evoluiu o fenómeno de Fátima ao longo de cem anos. Apesar das Aparições terem acontecido há cem anos, “Fátima continua a ter muitas capacidades de comunicação”.
Para o sacerdote, “Fátima continua a ser assunto que se pode comunicar” e “aquilo que nos cabe a nós é ir cuidando do modo de o fazermos para garantir que podemos transmitir a integralidade da mensagem”, mas ao mesmo tempo “de forma que seja significativa para os dias de hoje”.
Estudo mostra que Voz da Fátima tem leitores na Rússia
Nestas jornadas foram apresentados os resultados de um estudo comparado do perfil do leitor do jornal “Voz da Fátima”.
O leitor é, sobretudo, do sexo feminino, com mais de 60 anos e com um nível de escolaridade que equivale ao ensino médio (entre o 9.º ano e a licenciatura).
Com mais de 60 mil assinantes, a publicação tem a maioria dos leitores a residir em Portugal, sobretudo nos distritos do Porto, Braga e Bragança, mas chega a todos os distritos de Portugal e a outros locais do mundo, como as Antilhas Holandesas, a Africa do Sul, a Argentina, a Austrália e, desde o ano de 2000, a República Centro-Africana.
Dois dos assinantes vivem na Rússia e sete residem na Índia, sendo a República Centro-Africana o país de onde, mais recentemente, surgiram pedidos de envio do jornal.
Os inquéritos indicaram ainda que os temas que mais interessam aos leitores são as iniciativas do Santuário de Fátima, as notícias sobre Nossa Senhora de Fátima no Mundo e as notícias relacionadas com a Igreja.
O estudo aprofundado será tornado público na publicação que assinalará o centenário da Voz da Fátima, em outubro deste ano.
A agenda alternativa dos jornais cristãos
Na mesa que teve como tema central "A Imprensa cristã: jornalismo de proximidade ou outra forma de construção social", Felisbela Lopes, docente do Instituto de Ciências Sociais da universidade do Minho, apontou alguns dos desafios que se apresentam à dinâmica dos média de natureza cristã como elos de ligação social.
Para a docente, os jornais cristãos devem criar uma agenda alternativa, descobrir valor com outros valores, apresentando exemplos positivos que contrariem a tendência de divulgar experiências de vida negativas, promover a responsabilidade ética, e dar voz e notoriedade pública a outras fontes, indo ao encontro de franjas sub-representadas e empenhando-se na construção da verdade.
Esta tarde, as jornadas prosseguem com uma mesa-redonda sobre os custos da transição digital e serão apresentados exemplos positivos de publicações que conseguiram ultrapassar diversas dificuldades.
A iniciativa termina às 19h00 com a intervenção do bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. José Ornelas.