Médicos defendem reforço dos Centros de Saúde e máscara obrigatória
20-08-2020 - 16:00
 • Ana Carrilho

O presidente da Associação de Médicos de Medicina Geral e Familiar pede investimento em recursos humanos e técnicos. Para reduzir a propagação da pandemia, Rui Nogueira defende o uso obrigatório de máscara em todos os locais. “Não percebo porque não há já uma campanha nesse sentido”, diz à Renascença.

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“É preciso ter uma resposta política e financeira de aposta nos cuidados de saúde primários. Tanto mais que foi a resposta programada para a primeira vaga da pandemia que permitiu que mais de 90% dos doentes covid-19 fossem atendidos nos centros de saúde, agora são 9%”, diz Rui Nogueira, presidente da Associação de Médicos de Medicina Geral e Familiar, em declarações à Renascença.

Rui Nogueira frisa que é preciso reforçar os recursos para os 900 centros de saúde do país. Não apenas com médicos e enfermeiros, mas também com outros profissionais, até ao nível de secretariado.

“Em muitos casos, quem atende as chamadas pode tomar nota e encaminhar para o médico de família para resposta posterior. Um bom sistema de comunicações, computadores com áudio e vídeo, também podem ajudar para tornar as teleconsultas uma prática mais normal.”

“O frio vai chegar, ainda não sabemos quando, mas vai chegar e com ele, as infeções respiratórias agudas, em que se inclui a covid-19. É preciso programar a atuação e ter os recursos necessários, diz Rui Nogueira que ainda não foi ouvido pela Direção-Geral da Saúde no âmbito do plano que está a ser preparado.

A resposta, na opinião do clínico, deve passar igualmente pela redução das procuras indevidas e pelo adiamento das consultas que podem ser adiadas, “por exemplo, as que se destinam a emitir os relatórios para a renovação da carta de condução. Não faz sentido que tenham lugar na altura de maior procura dos Centros por doentes efetivamente a precisar de ser atendidos”.


Entre as que não podem ser adiadas, estão as de grávidas, crianças nos primeiros anos de vida, doentes oncológicos ou com outras doenças crónicas.

“Felizmente, houve uma excelente capacidade de respostas aos doentes de cancro já em tratamento e temos que continuar a ter porque é uma doença de evolução muito rápida que nos pode tirar a capacidade de resposta.”

Rui Nogueira admite que é mais problemático com doentes em início, ou melhor, sem diagnóstico. “Se não os virmos, não podemos “desconfiar” e mandar fazer os exames necessários”.

Já devia estar em marcha campanha pelo uso obrigatório de máscara

O número de infeções respiratórias vai aumentar no inverno, mas muitas poderão ser evitadas se a propagação da covid-19 for travada. O que na opinião de Rui Nogueira, pode acontecer com o uso de máscara.

“Já devia haver uma campanha para a utilização obrigatória de máscara. Temos que ser muito rigorosos, sempre que há duas pessoas ao pé uma da outra, é inevitável, ambos têm que usar máscara. Não resolvemos, mas limitamos alguma coisa. Juntar pessoas não vai dar e viver sem máscara também não. Pelo menos enquanto não houver vacina, tem que ser”, avisa o presidente da Associação de Médicos de Medicina Geral e Familiar.