O diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas defende que as cirurgias para o tratamento do cancro não podem ser prejudicadas por greves.
Numa semana marcada por três dias de paralisação dos médicos com consultas e cirurgias canceladas, Nuno Miranda lembra que as cirurgias oncológicas são sempre urgentes e por isso devem ser protegidas pelos serviços mínimos.
“Não vejo porque é que se mantém os calendários de sessões de quimioterapia e radioterapia e não se mantém cirurgias”, diz Nuno Miranda, acrescentado que a ciência prova que “o ato cirúrgico é o mais importante em termos curativos na doença oncológica”.
Em declarações à Renascença, o diretor do programa lamenta que esta seja uma área que é “sempre afetada, que se coloca como sendo uma área menor”.
Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) falaram de um protesto pela "defesa do Serviço Nacional de Saúde" e o respeito pela dignidade da profissão médica.
Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.
Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.
Depois de duas greves nacionais em 2017, os médicos paralisam este ano pela primeira vez, com os sindicatos a considerar que o Governo tem sido intransigente e tem desperdiçado as oportunidades de diálogo com os sindicatos.