A União Europeia não pode continuar a pactuar com a violação do direito internacional. Quem o diz é o chefe da diplomacia portuguesa que condenou os ataques de Israel a Gaza. "Já não é aceitável" invocar os massacres perpetrados pelo Hamas para justificar os "abusos sistemáticos do direito internacional" cometidos por Israel na Faixa de Gaza, argumentou João Gomes Cravinho neste sábado.
"Já não é aceitável culpar tudo nos massacres cometidos pelo Hamas", sustentou o ministro. "Os massacres foram há quatro meses, Israel tem o direito de autodefesa, mas já não estamos a falar, de todo, de autodefesa, e é fundamental que Israel seja obrigado a demarcar-se - o Governo de Israel - de afirmações "genocidárias" por parte de membros do Governo de Israel. "O ministro falava no final de uma reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), em Bruxelas.
O governante disse que Portugal sublinhou que "a UE não pode ser vista como cúmplice de abusos sistemáticos do direito internacional, cometidos por Israel", assinalando que "houve bastantes apoios à volta da mesa em relação a isso".
"Quando digo posições "genocidárias" estou a falar das posições de determinados ministros do Governo de Israel, que são posições públicas", apontou. João Gomes Cravinho reconheceu que a União Europeia não pode "obrigar Israel" a demarcar-se das declarações de ministros como o das Finanças, Bezalel Smotrich, ou o da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, mas advertiu que continuar em silêncio pode reverter a totalidade do apoio da comunidade internacional.
"Israel está - e, enfim, quem o disse foi um colega, um ministro de um país que é considerado muito próximo de Israel - a isolar-se em absoluto no cenário internacional devido às posições que tem assumido", disse ainda João Gomes Cravinho, recordando que o país tem, "neste momento, um Governo que representa uma parte extrema do espetro político".
O ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou que na próxima reunião com os homólogos da UE, em 19 de fevereiro, desta vez para decisões concretas entre os 27, vão ser discutidas "sanções, seguramente, aos colonos [israelitas] violentos, extremistas, que estão a operar na Cisjordânia".
Questionado sobre a possibilidade de incluir elementos do Governo de Benjamin Netanyahu na lista de sanções da UE, João Gomes Cravinho disse que, "teoricamente, sim", mas, para já, a UE está a olhar para os indivíduos que estão "ativamente a procurar destruir as bases para um processo de paz".